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Cientistas brasileiros mapeiam como a ayahuasca afeta os circuitos do medo

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Uma nova revisão mapeou como a ayahuasca influencia o medo e a ansiedade no cérebro. A pesquisa, realizada por cientistas brasileiros da Faculdade de Medicina e Ribeirão Preto, condensou décadas de evidências da atuação da bebida e foi publicada neste mês de dezembro na revista científica Psychedelics.

Entre elas, evidências que mostram que os efeitos da ayahuasca envolvem um equilíbrio delicado entre dois tipos de receptores de serotonina: 5-HT2A e 5-HT1A. Agora, o estudo dessa dupla se torna crucial para entender tanto os efeitos imediatos quanto seus potenciais benefícios terapêuticos de longo prazo.

Ao todo, o artigo destaca quatro pontos sobre o que a ciência sabe sobre da atuação da bebida no cérebro. São eles:

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  • a bebida provoca efeitos específicos tanto na extinção do medo quanto no processamento emocional;
  • modula a atividade em regiões cruciais para a regulação emocional;
  • o principal componente da ayahuasca, o DMT, influencia o processamento emocional, atuando principalmente através dos receptores 5-HT2A;
  • a memória e a ansiedade são afetadas por alguns compostos (chamados de β-carbolina), que agem por meio de diferentes mecanismos.

Conhecida tradicionalmente também como "daime" ou "santo daime", a bebida é, na verdade, um chá preparado combinando ervas diferentes. A substância tem efeitos psicoativos, ou seja, age no sistema nervoso central, provocando alterações na percepção, no humor e no comportamento.

Novos tratamentos à vista?

Tradicional da Amazônia, a ayahuasca é estudada desde meados dos anos de 1980 e de especial interesse para a medicina por seu potencial de afetar o processamento das emoções e das memórias.

Essa ação da planta pode fazer com que, no futuro, doses seguras de consumo sejam estabelecidas e assim surjam novos tratamentos para questões de saúde mental, como depressão ou estresse pós-traumático.

A síntese das evidências disponíveis levanta perguntas importantes sobre esse potencial terapêutico. Entre elas:

  1. O momento da administração do chá pode ser otimizado para tratar condições específicas?
  2. Diferentes preparações de ayahuasca podem ser mais eficazes para diferentes propósitos terapêuticos?
  3. Como as diferenças individuais nos sistemas receptores afetam os resultados do tratamento?

Em comunicado à imprensa, um dos pesquisadores responsáveis pela revisão, Rafael Guimarães dos Santos, enfatiza a necessidade de mais ensaios clínicos controlados. "Embora as evidências pré-clínicas e observacionais sejam encorajadoras, precisamos de estudos clínicos mais rigorosos para entender as aplicações terapêuticas ideais", diz.

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A revisão também leva em consideração que é necessário estabelecer parâmetros de segurança, como ambientes controlados para uso terapêutico, uma vez que a natureza complexa da mistura de ervas exige a análise cuidadosa de cada paciente e suas particularidades.

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Fonte: Genomic Press  

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