Cianoacrilato | Entenda por que cola de cílios não é igual a Super Bonder
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

O Super Bonder (ou qualquer outro adesivo similar) e a cola utilizada nas extensões de cílios são muito parecidos, e não é à toa: ambos são feitos a partir da mesma substância, o cianoacrilato. Os dois, no entanto, possuem diferenças muito importantes, sendo essencial evitar o contato do Super Bonder com a pele, os cílios e especialmente os olhos, e, caso isso ocorra, tomar medidas imediatas.
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A diferença, basicamente, está na toxicidade das substâncias: no caso da cola de cílios, ela é estéril e possui mais ou menos a mesma composição da cola biocompatível utilizada na sutura de regiões abertas durante cirurgias plásticas. Nesse caso, são adicionadas substâncias que deixam o cianoacrilato mais maleável, e não duro como as supercolas utilizadas em madeira e vidro, como o Super Bonder.
Composições químicas
Indo mais a fundo no assunto, a cola utilizada na extensão de cílios pode ser encontrada na forma de metil-cianoacrilato ou etil-cianoacrilato, enquanto o Super Bonder é composto de ester-cianoacrilato, substância não compatível com tecido humano e de degradação acelerada, gerando subprodutos tóxicos. Há, no entanto, outros produtos envolvidos na cola de cílios. São eles:
- Cianoacrilato: ele é responsável pela fixação da cola, e sua fabricação envolve, entre outros, o formol;
- Polímero de metilcrilato: responsável por endurecer o adesivo após a aplicação;
- Poliisocianato: responsável pela elasticidade, deixando a cola de cílios mais grossa ou mais líquida, influenciando a curagem, rigidez e flexibilidade;
- Carbono preto: substância que dá a cor preta característica do adesivo;
- Hidroquinona: ácido fraco utilizado para evitar a polimerização (que causa endurecimento) imediata do adesivo.
As variações de cianoacrilato utilizadas na fixação de extensões de cílios são seguras, mas é preciso cuidado ao utilizar outras variações da substância. A patente original surgiu a partir da busca por materiais adequados à fabricação de miras plásticas transparentes na Segunda Guerra Mundial, e evoluiu para o uso na colagem de eletrônicos, fixação de impressões digitais em plástico e para realizar suturas, entre muitos outros usos.
Perigos dos produtos químicos
Quando é utilizado um produto químico nos olhos que não seja adequado para uso cosmético, como o Super Bonder ou qualquer outra supercola similar, há risco de ocorrer uma queimadura química, cujos sintomas irão depender da substância específica. De modo geral, é possível saber que algo está errado quando forem sentidos:
- Ferroadas ou pontadas nos olhos;
- Sensação de queima;
- Vermelhidão;
- Inchaço nas pálpebras;
- Visão embaçada;
- Lacrimação excessiva, ou olhos muito marejados;
- Dores.
Quando há confusão ou uso indevido de supercolas nos cílios, o primeiro reflexo é piscar, já que a cola causa queimaduras. No ato, o adesivo acaba sendo empurrado para as margens das pálpebras ou mesmo às proteínas da superfície do olho, o que turva a visão e causa o lacrimejo. A cola não danifica o olho de forma permanente, causando apenas irritação, mas lesões podem ser feitas ao coçar demais ou esfregar o olho.
Em casa, é importante lavar o olho com bastante água morna, aplicar uma compressa de gaze, não forçar a abertura do olho colado e, principalmente, manter a calma. Não há casos graves relatados a partir de incidentes com Super Bonder nos olhos, sendo que as pálpebras coladas se abre entre 1 a 4 dias depois sem maiores ações.
Caso os sintomas não cedam, a lesão for significativa ou o olho não cicatrizar em um ou dois dias após o incidente, o indicado é consultar um oftalmologista. Acima de tudo, nunca adicione Super Bonder ou outros tipos de supercola em produtos cosméticos, desde colas para extensão de cílios a esmalte, lace wigs e afins. Há até mesmo o risco dos produtos reagirem e causar mais danos do que o normal.
Na dúvida e em caso de acidentes, convém ler o rótulo do produto para checar o que afetou os olhos, sendo importante lavar os olhos e contatar um profissional de saúde quando os sintomas persistirem.
Fonte: iLashes, Queensland Government, ThriveAP, WebMD