China trabalha em vacina nasal contra COVID-19; veja possíveis benefícios
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 08 de Junho de 2021 às 16h20
Na luta contra o coronavírus SARS-CoV-2, pesquisadores chineses trabalham no desenvolvimento de uma vacina inalável contra a infecção e já desenvolvem estudos clínicos com o composto. A pesquisa do novo imunizante contra a COVID-19 é liderada pela virologista Chen Wei e pela empresa de biotecnologia chinesa CanSino Biologics. Vale lembrar que a organização já é responsável pelo fornecimento de uma vacina injetável contra a doença, a Convidecia.
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Segundo os pesquisadores da CanSino, é necessário apenas um quinto da quantidade da vacina injetável do vetor do adenovírus da COVID-19 para desencadear uma resposta imunológica a partir da nova estratégia inalável. Dessa forma, o produto pode, potencialmente, ampliar o número de imunizações e não requer tantos cuidados na hora do transporte, como caixas frigoríficas.
Em média, a vacina injetável é de 0,5 mililitros por dose, explicou o pesquisador Tao Lina para o Global Times. Segundo ele, a vacina inalada, desenvolvida pela equipe de Chen Wei, pode atingir o mesmo efeito protetor com apenas uma dose de 0,1 mililitro, "isso significa que tem maior eficiência imunológica".
Como funciona a potencial vacina inalável contra COVID-19?
A vacina inalada contra a COVID-19 combina a mesma tecnologia aplicada pela CanSino em outros estudos, como as descobertas feitas no processo de desenvolvimento de uma vacina inalada contra tuberculose ou ainda da Convidecia. Em outras palavras, o produto deve ganhar com os conhecimentos já adquiridos dos pesquisadores.
"Se a vacina for inalada por aerossol, pode formar uma imunidade da mucosa, além da imunidade humoral e celular, normalmente formada pela vacina injetável”, explicou Chen Wei para o site Euronews. Além disso, "uma vacina inalada poderá ser mais eficaz do que as injetadas, pois o SARS-COV-2 entra no corpo humano por meio das vias aéreas. Uma vacina inalada pode ativar anticorpos nas vias aéreas, oferecendo proteção extra" explicou Xuefeng Yu, executivo da CanSino Biologics.
No entanto, os resultados dos estudos com humanos da vacina nasal ainda devem ser divulgados para que se comprove a eficácia e segurança do novo método contra o coronavírus. De modo geral, a forma como um imunizante é aplicado depende muito mais da sua eficácia naquela apresentação do que o desejo por uma vacina que seja inalada ou em gotas, por exemplo.
CanSino na pesquisa contra o coronavírus
No combate ao coronavírus, a CanSino já desenvolveu a vacina Convidecia, de dose única, em parceria com o Instituto de Biologia da Academia de Ciências Médicas Militares da China. O imunizante é baseado na tecnologia de vetor viral, ou seja, usa um outro agente infeccioso para proteger contra a COVID-19. No caso, é adotado um adenovírus chamado Ad5. A mesma estratégia é adotada pela vacina Covishield (Oxford/AstraZeneca), Sputnik V e a fórmula da Janssen (Johnson & Johnson).
Segundo a empresa, a vacina de dose única teve uma taxa de eficácia calculada em 65,28% na prevenção de casos sintomáticos da COVID-19. Desde fevereiro deste ano, a China aprovou o imunizante para uso geral da população no país. Além disso, Chile, Hungria, México e Paquistão já autorizaram o seu uso emergencial.
Fonte: Agência Brasil e NYT