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Células do cérebro se comunicam como instrumentos em uma orquestra

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Fevereiro de 2023 às 09h00

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Ermal Tahiri/Pixabay
Ermal Tahiri/Pixabay

O cérebro é, muito provavelmente, o órgão que mais guarda segredos da compreensão humana. Apesar de todos os avanços da ciência das últimas décadas, pouco se sabe sobre o comportamento do sistema nervoso. Neste ponto, cientistas portugueses podem ter finalmente descoberto como as células distantes se comunicam entre si. Para isso, usam a imagem de uma orquestra, onde diferentes instrumentos são tocados juntos. Embora a existência de tantos sons possa parecer uma bagunça para leigos, é, na verdade, uma complexa — e eficiente — música.

Publicado na revista científica Nature Communications, o estudo que investiga como as diferentes partes do cérebro se comunicam entre si em grandes distâncias foi liderado por pesquisadores da Fundação Champalimaud e da Universidade do Minho, mabas localizadas em Portugal. A hipótese defendida pelo grupo e já comprovada no cérebro de roedores é de que o sistema funciona como uma caixa de ressonância.

Células do cérebro se comunicam como se tocassem instrumentos em uma orquestra

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“Os nossos resultados mostram que os padrões espaciais complexos são o resultado de modos transitórios subjacentes que oscilam independentemente uns dos outros, tal como os instrumentos musicais individuais concorrem para criar uma peça mais complexa numa orquestra”, explica Noam Shemesh, um dos autores do estudo, em comunicado.

"Os padrões oscilatórios se assemelham aos modos de ressonância dos instrumentos musicais, embora tenham maior dimensionalidade. São como reverberações, como ecos [não-sonoros] dentro do cérebro”, complementa Joana Cabral sobre o comportamento da comunicação captada, tradicionalmente, pela ressonância magnética funcional (IRMf).

Entender como o cérebro se comunica ajuda no tratamento de doenças neurológicas

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É verdade que estudar como partes distantes do cérebro se comunicam entre si seja bastante abstrato, mas o entendimento desse complexo sistema pode ajudar no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas. Isso porque disfunções no padrão da atividade cerebral podem ser relacionados a diferentes distúrbios, mesmo que, hoje, ainda não seja possível determinar quais padrões indicam desalinhamento.

Sabe-se apenas que “as redes funcionais [de comunicação no cérebro] surgem alteradas em várias doenças neurológicas e psiquiátricas”, pontua Cabral. Se o grupo conseguir comprovar que o comportamento observado em roedores é similar ao humano e associar determinados padrões com doenças específicas, uma nova geração de exames de IRMf poderá ser usada como no diagnóstico de determinadas doenças no futuro.

Fonte: Nature Communications e Fundação Champalimaud