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Casos leves e assintomáticos são o que mantém a pandemia ativa, dizem cientistas

Por| 19 de Maio de 2020 às 17h45

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Reprodução: Guido Mieth/Getty Images
Reprodução: Guido Mieth/Getty Images

A falta de dados precisos de casos da COVID-19 no Brasil, infelizmente, é uma realidade, uma vez que não existem testes disponíveis para todos. Outro fator que prejudica a contagem é a existência de diversos casos de pessoas assintomáticas, ou seja, que não apresentam nenhum sintoma, ou ainda que possuem sintomas leves.

Essa realidade, de acordo com Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS), é o que mantém a pandemia ativa. Pessoas com sintomas leves acabam não sendo testadas e, muitas vezes, não fazem o isolamento necessário pela falta de confirmação.

Os dados de contaminação pela COVID-19 a que temos acesso são baseados somente nas internações, de acordo com Alves, pois somente pessoas em estado grave são testadas. O professor exemplifica com o dia 11 de maio, quando os registros oficiais apontaram para um pouco mais de 165 mil casos da doença, enquanto as projeções de cientistas de Ribeirão Preto chegavam a 2,3 milhões de infectados.

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O professor explica ainda que as projeções são feitas sempre para baixo, pois a metodologia usada é baseada no número de mortes causadas pela doença e não da quantidade de infectados. Inclusive, Alves revela que o indicador de óbitos também não reflete a realidade, o que prejudica ações de planejamento e políticas públicas de controle da pandemia.

Com a metodologia atual, portanto, torna-se impossível fazer projeções para um futuro ainda mais distante. "Até onde sabemos, tanto no Brasil como no estado de São Paulo, o número de casos ainda está crescendo num comportamento exponencial. Ou seja, nós não conseguimos ver o pico da epidemia ainda. Então, supondo que o crescimento é exponencial, tanto no Brasil quanto no estado de São Paulo, esses números devem dobrar num prazo de até uma semana", alerta o professor.

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Domingos Alves acredita que o afrouxamento das medidas de distanciamento social deve aumentar esses números ainda mais, sendo necessárias mais evidências de melhora antes de começar a relaxar. "O número de casos caindo em qualquer proporção, num prazo de duas a três semanas, seria uma evidência de que as medidas de contenção poderiam começar a ser relaxadas, mantendo ainda um distanciamento social importante e observando se o número de casos não vai crescer de novo", finaliza.

Fonte: Jornal da USP