Brasil começa a testar tratamentos baratos para covid em estudo global
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 05 de Julho de 2022 às 15h18
Na busca por tratamento baratos contra a covid-19 para casos leves e moderados, o Brasil passa a integrar o consórcio Anticov. Esta é uma iniciativa global e que, até então, envolvia apenas estudos clínicos feitos em países do continente africano, como Moçambique e Sudão. No momento, o braço brasileiro da pesquisa já está em fase de recrutamento.
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Através da iniciativa, pesquisadores brasileiros devem recrutar até 600 voluntários, espalhados em mais de 20 centros de testagem, para verificar a eficácia e a segurança da combinação dos remédios fluoxetina e budesonida inalada. Fora do Brasil, outros 13 países devem testar a mesma combinação.
A ideia é descobrir estratégias que podem "impedir a evolução [da covid-19] para uma forma grave, potencialmente limitar a transmissão, reduzir o risco da covid longa e prevenir hospitalizações e mortes, que periodicamente ameaçam sobrecarregar os hospitais", afirma Gilmar Reis, professor associado da Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e um dos cientistas que irá liderar os testes brasileiros, em comunicado.
Remédios contra a covid no Brasil
Vale explicar que a fluoxetina é um antidepressivo já usado e autorizado em inúmeros países, incluindo o Brasil. Além disso, a budesonida é um corticosteroide (esteroide) inalável também aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dessa forma, a nova etapa do Anticov quer avaliar o uso combinado des duas medicações contra a covid-19. Este seria um uso off label, ou seja, diferente daquele que consta na bula.
Segundo os pesquisadores, espera-se que a combinação demonstre potencial anti-infamatório no tratamento de casos leves e moderados da covid-19. Em estudos anteriores, já foi possível observar que a budesonida, quando tomada precocemente, pode reduzir o tempo de recuperação de pacientes ambulatoriais e, consequentemente, impacta o número de hospitalizações e mortes.
Além de ser eficaz no primeiro estágio de replicação viral, a combinação pode diminuir o impacto do estágio inflamatório posterior, sendo que este começaria alguns dias depois do início dos sintomas.
Entenda o estudo global com tratamentos baratos
A primeira pesquisa do consórcio Anticov foi iniciada em setembro de 2020 e, desde então, envolveu apenas países do continente africano. Agora, os testes começam a ser expandidos para o Brasil, através de uma parceria com a equipe de cientistas de um outro consórcio internacional, o Together.
Sobre o Together, cabe destacar que os pesquisadores também testaram, anteriormente, algumas medicações "populares" contra a covid-19, como o antiparasitário ivermectina. Neste caso, o estudo concluiu que a medicação não demonstrou efeito significativo no tratamento de pacientes infectados.
Fonte: Anticov