"Brain rot" é palavra do ano pelo dicionário de Oxford; descubra o significado
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

A palavra do ano para o Dicionário de Oxford (Reino Unido) é o termo “brain rot”, expressão ligada ao consumo de conteúdos questionáveis e de “besteiras” nas redes sociais. Em potuguês, seria algo como “cérebro podre” ou “podridão cerebral”.
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“Brain rot” foi escolhida como a palavra do ano de 2024 após uma votação aberta da Universidade de Oxford, que envolveu mais de 37 mil pessoas, em uma lista de opções pré-definidas. O uso da expressão inglesa aumentou em 230% nos últimos 12 meses, confirmando sua relevância.
O que é “brain rot”?
A definição de “brain rot” é, segundo o Dicionário de Oxford, “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, como resultado do consumo excessivo de conteúdo (especialmente o conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador”.
Na maioria das vezes, o termo “bain rot” está ligado a outro comportamento, que é a rolagem infinita. Nestes casos, a pessoa fica rolando a tela por longos períodos em busca de notícias ou qualquer outro tipo de informação disponível online, enquanto consome a saúde mental.
Impacto do consumo na mente
Para entender o impacto desse estado na saúde e na mente das pessoas ligado à era digital, o Canaltech conversou com o psicólogo Yuri Busin, que é mestre e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“É como se fosse uma fadiga mental, uma saturação cognitiva, que surge quando a gente recebe estímulos rápidos e superficiais, nas redes sociais, por exemplo”, comenta o psicólogo, que é fundador da clínica Diálogo Positivo.
Por causa do volume e da constância da exposição, “não dá nem tempo de processar as informações de maneira boa ou profunda, o que vai levando a gente a uma situação de vazio, irritabilidade e falta de concentração, [notável] muitas vezes em tarefas mais complexas”, complementa. É a busca pela dopamina instantânea, as recompensas rápidas, que leva a processos prejudiciais.
“Apesar da expressão ser mais informal e até cômica, vale muito para refletirmos como a gente tem alimentado o nosso eu e o quanto que a gente quer viver através das telas. É bom também ter um descanso, pensamentos críticos, estimular outras atividades criativas e interações sociais [físicas]”, acrescenta.
Origem do termo brain rot
Embora a palavra do Dicionário de Oxford tenha recebido destaque só em 2024, a expressão não é nova. “Brain rot” foi usado pela primeira vez em 1854, na obra do pesquisador norte-americano Henry David Thoreau. Há mais de 150 anos, ele criticava a tendência da sociedade em desvalorizar ideias complexas e a busca incessante por simplificações. Este era um símbolo do declínio intelectual, segundo Thoreau.
Mais recentemente, a expressão voltou a ganhar força, mas no contexto das redes sociais, especialmente entre os membros da Geração Z (do final dos anos 1990) e da Geração Alpha (dos anos 2010). Neste caso, está diretamente ligada com o consumo de conteúdos de baixa qualidade e os efeitos dessa produção na mente dos usuários.
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Fonte: Universidade de Oxford