Anticoncepcional sem hormônio usa anticorpos para "cancelar" espermatozoides
Por Natalie Rosa | Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2021 às 09h50
Cientistas norte-americanos acabam de divulgar a descoberta de uma forma de usar anticorpos para agirem como um novo anticoncepcional feminino, sendo 99.9% eficaz para "capturar" os espermatozoides. Atualmente, grande parte dos métodos contraceptivos envolvem a administração de hormônios, que podem ser prejudiciais à saúde.
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De acordo com o estudo, esses anticorpos se conectam para prender as células espermáticas para que elas não penetrem no muco vaginal. Até o momento, os testes foram realizados somente em ovelhas, mas se mostraram potentes e eficazes. Bhawana Shrestha, imunologista e um dos autores do estudo, descreve os anticorpos como anti-espermatozoides, uma vez que atuam desacelerando os gametas.
"O espermatozoide precisa nadar através do muco até chegar ao trato reprodutivo feminino para alcançar e fertilizar o óvulo", conta o cientista. "Normalmente, somente 1% dos espermatozoides ejaculados no colo do útero chega ao útero, e somente algumas dezenas dos espermatozoides chegam nas proximidades do óvulo", explica.
A abordagem do estudo foi baseada em anticorpos de mulheres com infertilidade imunológica, uma doença auto-imune. Então, os pesquisadores criaram um conjunto de anticorpos mais "incrementados" e com propriedades de ligação para uma melhor barreira contra os espermatozoides. Em comparação com o conjunto de anticorpos originais, essa manipulação se tornou oito vezes mais eficaz. O uso do possível anticoncepcional teria que ser feito diretamente na vagina, possivelmente com o uso de anéis intravaginais que irão permitir a liberação constante dos anticorpos.
Caso os testes com humanos sejam bem-sucedidos, o novo método contraceptivo pode ser um substituto em potencial para as opções atuais, principalmente aquelas que envolvem a administração de hormônios. Estes podem trazer efeitos colaterais intensos, como perda de libido, ganho de peso, alteração no humor, depressão e enxaquecas. Além disso, o uso pode aumentar as chances de desenvolver coágulos sanguíneos, levando à trombose, ou ainda de câncer de mama.
O estudo completo está disponível neste link.
Fonte: Science Alert, Medical Xpress