Amido resistente pode reduzir risco de câncer em pessoas com tendência
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Em busca de alternativas que reduzissem o risco de câncer em pessoas com tendência a alguns tipos de tumores, pesquisadores britânicos investigaram os efeitos do uso de suplementos alimentares com amido resistente. Os voluntários receberam a suplementação por 2 anos, em média, sem saber se era (ou não) um placebo. A conclusão é que esta fibra alimentar pode ser uma boa aliada para a saúde.
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Publicado na revista científica Cancer Prevention Research, o estudo sobre o impacto do amido resistente na prevenção do câncer foi liderado por pesquisadores das Universidades de Newcastle e Leeds, ambas no Reino Unido. Na pesquisa, foi possível observar que o consumo regular pode reduzir risco de alguns cânceres gastrointestinais, como o de estômago.
Afinal, o que é amido resistente?
“O amido resistente é um tipo de carboidrato que não é digerido no intestino delgado, em vez disso, fermenta no intestino grosso, alimentando bactérias intestinais benéficas — ele age de fato, como fibra dietética em seu sistema digestivo", explica John Mathers, professor de Nutrição da Universidade de Newcastle e um dos autores do estudo, em comunicado.
Por causa do caminho que deve ser percorrido até a digestão, este tipo de amido oferece alguns benefícios para a saúde. "Acreditamos que o amido resistente pode reduzir o desenvolvimento do câncer, alterando o metabolismo bacteriano dos ácidos biliares e reduzindo os tipos de ácidos biliares que podem danificar nosso DNA e, eventualmente, causar câncer. No entanto, isso [a causa] precisa ser melhor investigado”, acrescenta Mathers.
Onde encontrar esta fibra?
Para obter o amido resistente, existem diferentes opções de alimentos naturais ou da indústria, como:
- Ervilhas;
- Feijões;
- Aveia;
- Bananas que estão mais verdes (quase madura);
- Arroz;
- Suplementos alimentares.
"A dose utilizada no ensaio é o equivalente a comer uma banana por dia. Antes de ficarem muito maduras e macias, o amido das bananas resiste à decomposição e chega ao intestino, onde pode alterar o tipo de bactéria que ali vive", detalha o professor Mathers.
Como funcionou o estudo sobre a menor incidência de câncer?
O estudo sobre o amido resistente no impacto de alguns tipos de câncer englobou voluntários da Finlândia e do Reino Unido. No total, foram contabilizados quase mil participantes com a síndrome de Lynch, que é rara, acompanhados por cerca de 10 anos, em média. Estes indivíduos carregam algumas alterações genéticas, o que os tornam mais propensos a desenvolver câncer.
Quais tipos de tumor evitou?
“Descobrimos que o amido resistente reduz uma série de cânceres em mais de 60%. O efeito foi mais óbvio na parte superior do intestino”, detalha Mathers. “Isso é importante porque os cânceres do trato GI superior são difíceis de diagnosticar e muitas vezes não são detectados precocemente", explica.
Para ser mais específico, a redução no risco de câncer não foi identificada no intestino. Por outro lado, os dados apontaram que o risco era menor para cânceres do trato gastrointestinal superior, incluindo câncer de esôfago, estômago, trato biliar, pâncreas e duodeno.
Fonte: Cancer Prevention Research e Universidade de Newcastle