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Aglomerações de carnaval geram risco de mutações do vírus da covid-19

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Março de 2022 às 12h30

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Luis Fernandes/Pexels
Luis Fernandes/Pexels

Apesar do adiamento dos desfiles de escola de samba para o mês de abril — no Rio de Janeiro e em São Paulo —, as festas de carnaval são responsáveis por inúmeras aglomerações no Brasil. Além de blocos de rua, postagens nas redes sociais apontam para shows e baladas lotadas, sem distanciamento adequado ou uso de máscaras. A adesão ao passaporte da vacina não é obrigatória em todos os locais. Segundo especialistas, o cenário favorece a disseminação da covid-19 e de novas mutações do vírus.

Diante de medidas que visam controlar aglomerações no período do carnaval, a médica Luciana Campos, infectologista do Grupo Sabin, identifica as ações como positivas. Controlar a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 pode impedir que o Brasil enfrente uma nova alta de casos como aquela provocada pelas festas de final do ano passado.

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"Medidas como estas contribuem significativamente para que não se repita o que aconteceu nas festas de final de ano, quando o país enfrentou um novo surto de covid-19 juntamente com uma explosão de casos de gripe, pressionando consideravelmente as redes pública e privada de saúde", explica a infectologista para o Correio Braziliense.

Alta de casos da Ômicron e o cenário do carnaval

Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média móvel de óbitos está em 679 e a de novos casos é estimada em 77,4 mil. No entanto, este movimento de "melhora" nos indicadores da covid-19 é recente.

No mês de fevereiro, o Brasil bateu novos recordes da doença com o predomínio da variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2. Por exemplo, no dia 3 de fevereiro, foram registradas 1.041 mortes em decorrência da doença. Este é o número de óbitos pela covid-19 mais alto, registrados em 24 horas, desde o dia 18 de agosto de 2021. No mesmo dia, o país registrou o maior número (298 mil) de novos infectados pelo vírus em 24 horas.

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Mais recentemente, no dia 16 de fevereiro, o Brasil voltou a ultrapassar mais de mil mortes da covid-19 em um único dia. No período, o Conass informa que foram notificadas 1.085 mortes e 147.734 novos casos da doença em apenas 24 horas. Hoje, a pandemia não está 100% controlada e a doença ainda representa um risco para a saúde pública.

Mutações do coronavírus

Vale lembrar que o vírus da covid-19 está em constante mutações e novas variantes, como a Ômicron, podem surgir quando os casos estão em alta e o agente infeccioso se multiplica de forma descontrolada.

"Mesmo com o avanço da vacinação entre nós, é preciso lembrar que a pandemia é mundial e atravessa fronteiras. Temos hoje a variante Ômicron, que chama atenção por sua alta capacidade de mutação. Os vírus são agentes que podem ser altamente mutagênicos, ou seja, têm a capacidade de sofrer modificações em sua estrutura para enganar o sistema de defesa da pessoa infectada", lembra o médico Renato Kalil, professor da USP e diretor do InCor e do Hospital Sírio Libanês.

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"É uma temeridade imaginar que pudéssemos ter festas e aglomerações diante de um quadro que ainda exige a observância ao distanciamento e o uso de máscara, inclusive para evitar a disseminação da variante Ômicron", completa o médico.

Fonte: Conass e Correio Braziliense