Quase todos os adultos de São Paulo têm anticorpos contra covid, diz estudo
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
A 8ª fase do SoroEpi MSP, monitoramento domiciliar da soroprevalência de covid-19 na cidade de São Paulo, teve seus dados divulgados na última terça-feira (17), mostrando que 98,9% da população adulta do município tem um ou dois tipos de anticorpos contra o SARS-CoV-2.
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Para a realização da pesquisa, foram coletadas 936 amostras sanguíneas, entre 31 de março e 9 de abril deste ano, período em que o município tinha 1,9 milhões de casos confirmados. Segundo os pesquisadores, o resultado pode se dar por conta da infecção pelo vírus ou pela vacinação contra ele. Também se descobriu que 96,3% dos adultos têm anticorpos neutralizantes contra a variante original, e 83,1% contra a variante ômicron.
Amostragem da pesquisa
Para ter uma boa amostragem no inquérito domiciliar, os pesquisadores dividiram a capital em dois grupos: um incluía distritos com maior renda e outro com baixa renda, com metade da população pesquisada dividida entre cada grupo. Então, foram sorteados 160 setores censitários — ou seja, unidades territoriais do IBGE — de acordo com a separação de renda.
Em cada um dos setores, foram sorteadas 1.280 residências, que foram visitadas por agentes do Grupo Fleury e do Instituto Paulista de Educação Continuada (IPEC), para coleta de sangue e dados. Foram, então, medidos os níveis de anticorpos IgC e IgM contra a covid-10 via métodos de quimioluminescência e de eletroquimioluminescência.
Além do nível de anticorpos neutralizantes, a pesquisa também coletou informações importantes, como a de que o número de anticorpos é menor nos distritos mais abastados (72,9%) do que nos mais pobres (84,7%), o que já havia sido observado na fase 2 do estudo, feita entre 15 e 24 de junho de 2020.
Quanto ao número de vacinados, 98,2% das 936 pessoas declarou ter tomado pelo menos uma dose de algum dos imunizantes contra o vírus, e 91% afirmaram ter tomado duas ou três doses. Entre 20 de setembro de 2021, no final da sétima fase, e 31 de março deste ano, início da oitava fase, a taxa de não-vacinados caiu de 4,1% para 1,8%, segundo levantamento dos pesquisadores.
A ideia é escrever um artigo científico com base nos dados coletados na investigação, dizem os cientistas. Acredita-se que, com altos índices de adultos com anticorpos e uma vacinação continuada nos ritmos atuais, é provável que o número de mortes e internações abaixe cada vez mais, isto é, na ausência de novas variantes.
Os pesquisadores notam, no entanto, que isso não irá significar ausência de casos ou de mortes, já que pessoas idosas, com comorbidades, ou imunodeprimidas existem em qualquer população, com mais riscos do que pacientes jovens e saudáveis.
Fonte: SoroEpi MSP