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Criador de Second Life alerta sobre riscos na proliferação de metaversos

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 30 de Novembro de 2021 às 16h42

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Linder Lab
Linder Lab

Pioneiro na construção do game de mundo virtual Second Life, Philip Rosedale disse que a construção de um metaverso é algo que precisa ser minuciosamente planejado para que não haja consequências indesejadas. Em entrevista à revista Time, o fundador do jogo, febre em um passado não tão distante, falou sobre a importância de um sistema de moderação para permitir uma convivência harmônica no ambiente digital.

Rosedale ressaltou a importância de proteger as pessoas ao identificá-las e garantir consequências a ações tomadas no metaverso, pois assim elas se comportarão de forma correta. O problema, segundo ele, seria o fato de que a internet ainda não tem sistema de identificação para o exercício de um monitoramento eficaz das atitudes online e responsabilização dos autores.

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Outro especialista que participou da conversa foi o antropólogo e autor do livro Coming of Age in Second Life, Tom Boellstorff, que acredita ser necessário haver uma estrutura forte em vigor para evitar que gente com más intenções usem a plataforma para praticar crimes ou causar danos a terceiros.

Boellstorff lembrou que a forma como o Second Life contornou isso foi com a necessidade de pagar por uma assinatura, mas isso fez com que as empresas de anúncios não conseguissem explorar o serviço de forma tão eficaz. Como a pessoa já pagava para jogar, a maioria não se mostrava disposto a desembolsar mais recursos para adquirir produtos no mundo virtual, o que vai em sentido oposto da proposta dos metaversos atuais.

“O modelo de assinatura do Second Life é uma razão pela qual você não tem informações incorretas e coisas antivax”, disse Boellstorff à Time. “Nada desse metaverso daqui para frente precisa ser um modelo corporativo específico dirigido por anúncios”, declarou.

Barreiras de entrada no metaverso

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Outro aviso que Rosedale deu aos desenvolvedores é para focarem em superar barreiras de entrada ao sistema. Hoje, para acessar ao metaverso da Meta (antigo Facebook Inc.) será preciso usar óculos de realidade virtual, embora a companhia já tenha declarado que pretende integrá-lo a seus programas já existentes. Isso tudo vai exigir um aparato técnico caro e requisitos dos quais nem todos dispõem, como internet rápida, óculos de RV e computador com boas configurações.

Por fim, ainda há uma outra questão a se pensar: os avatares. Na opinião do criador do Second Life, nem todos podem querer se apresentar como um desenho animado, inclusive porque esse formato não é aplicável para todas as situações do cotidiano das pessoas.

“Se você vive uma vida confortável na cidade de Nova York, é jovem e saudável, provavelmente vai escolher morar lá. Se eu oferecer a você a vida de um avatar, você simplesmente não vai usá-la muito. Por outro lado, se você mora em uma área rural com muito pouco contato social, é deficiente ou vive em um ambiente autoritário onde não se sente à vontade para falar, então seu avatar pode se tornar sua identidade primária”, concluiu Rosedale.

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Metaverso preocupa

Esses alertas emitidos por alguém que já passou por uma situação semelhante são fundamentais para os criadores de universos digitais se guiarem. Não dá para comparar a proposta do Second Life com o que a Meta ou outras companhias propõem atualmente, mas certamente ambos partem de premissas muito similares.

À medida que o entusiasmo em torno dos metaversos aumenta, mais pessoas do mundo tecnológico começam a mostrar seus posicionamentos sobre a ideia. A ex-funcionária da Meta Frances Haugen, denunciante que desencadeou o chamado Facebook Papers, considera isso extremamente preocupante.

Como tudo ainda é muito novo, há quem diga que a proposta criaria um universo distópico ou que afastaria as pessoas uma das outras, mas esse tipo de sentimento só deve ser sanado quando a coisa chegar, de fato, aos lares das pessoas.

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Fonte: Time