Robô que extrai veneno de escorpião pode acelerar pesquisas contra o câncer
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |

Pesquisadores da Universidade Hassan II, no Marrocos, desenvolveram um novo robô capaz de extrair veneno de escorpião sem intervenção humana. O processo automatizado é mais eficiente e rápido, além de eliminar as chances de contato com a substância tóxica.
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Até 35 escorpiões podem ser colocados ao mesmo tempo dentro do equipamento programado para aplicar uma pequena descarga elétrica no animal. Esse sistema faz com que cada um deles libere uma gota de veneno e, segundo os cientistas, o processo é totalmente indolor para os escorpiões.
“As gotas de veneno são coletadas em um tubo de vidro. Uma antena e o sistema vibratório que operam o robô facilitam a recuperação das esferas de veneno coletadas nos canos, garantindo um processo totalmente automatizado sem causar danos ao animal”, explica o biólogo Omar Tannan, coautor do estudo.
Líquido dourado
O veneno de escorpião é usado em uma grande variedade de aplicações médicas, incluindo pesquisas contra o câncer e o desenvolvimento de medicamentos para combater a malária. Os métodos atuais de ordenha incluem estimulações elétricas e mecânicas, o que pode ser mortal para os aracnídeos e perigoso para os cientistas, devido a choques elétricos causados pelo equipamento.
Além de possibilitar um processo de coleta mais seguro, a extração automatizada também é muito mais eficiente. Para extrair um galão de veneno seriam necessários 2,64 milhões de escorpiões, o que torna o processo de ordenha manual utilizado atualmente muito demorado e caro.
“Conhecido como o líquido dourado, o veneno do escorpião é considerado uma das substâncias tóxicas naturais mais caras do mundo. Um grama desse veneno vale aproximadamente US$ 8 mil [quase R$ 42 mil na cotação atual]. É algo muito especial para ser desperdiçado”, acrescenta Tannan.
Robô-ordenhador
O robô foi testado em várias espécies de escorpiões e pode ser programado com diversas configurações específicas para cada uma delas. Informações como tamanho e peso do animal, além da quantidade de veneno a ser extraída, são exibidas em uma tela de LED.
O protótipo funciona apertando suavemente a cauda do escorpião, estimulando eletricamente essa região para que ela libere as gotículas de veneno, que são então capturadas e armazenadas sem contato manual. Por ser leve e portátil, o dispositivo pode ser usado em laboratórios ou qualquer outro local.
“Nosso robô requer apenas o conhecimento de como lidar com escorpiões, já que será preciso colocá-los dentro do equipamento, mas, fora isso, esse processo de extração do veneno é totalmente automatizado e pode ser executado por técnicos com o mínimo de treinamento”, encerra Tannan.
Fonte: Hassan II University