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Ex-Facebook acusa empresa de "escolher lado errado da história"

Por| 09 de Setembro de 2020 às 12h12

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LoboStudioHamburg/Pixabay
LoboStudioHamburg/Pixabay
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Uma carta aberta de demissão postada por Ashok Chandwaney trouxe mais uma vez à tona o clima de tensão entre os funcionários do Facebook. O texto, publicado em uma rede interna de colaboradores da companhia, a acusa de “escolher o lado errado da história” e de deixar seus princípios fundamentais de lado ao não tomar atitudes drásticas contra o discurso de ódio presente na plataforma, uma escolha que visou o lucro, afirmou.

Chandwaney trabalhava no setor de engenharia do Facebook e, após cinco anos e meio na empresa, pediu demissão nesta terça (07). O texto interno foi compartilhado com o jornal americano The Washington Post e traz palavras duras, ainda que cite, também, o ambiente de trabalho como solidário a pessoas não binárias, como é o caso aqui. Por outro lado, o texto também afirma que a empresa ignorou recomendações de organizações em prol dos direitos civis e deixou situações de incitação ao ódio e violência ganharem corpo na rede social.

Vários eventos desse tipo são citados, entre locais e internacionais, como um evento que incitava ataques armados contra manifestantes na cidade de Kenosha, nos EUA, durante os protestos recentes em prol da igualdade racial e não foi retirado do ar, ou a recusa do Facebook em colaborar com as autoridades de Mianmar em investigações sobre genocídio. De todas, porém, a mais emblemática para Chandwaney foi a fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em maio deste ano, afirmou que “quando os saques começam, os tiros começam”, em resposta à escalada dos protestos de George Floyd, dias antes.

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O texto afirma que a rede social preferiu evitar problemas regulatórios e entrar em confronto com o governo em vez de prezar pela vida e a segurança de minorias. Além disso, citou uma auditoria publicada em julho como uma peça de marketing na qual o Facebook permitiu que os próprios problemas fossem apontados para que prometesse melhorias, sem a real intenção de fazer isso. Para Chandwaney, mais do que “criar valor social”, como afirma um de seus princípios fundamentais, a empresa está preocupada mesmo em criar “valor de negócios”.

O pedido cita ainda outro dos valores da companhia, “seja ousado”. Isso é interpretado, no texto, como fazer a coisa certa, arregaçar as mangas e seguir adiante mesmo que seguir esse caminho seja difícil. O contrário, diz a carta, é o que está acontecendo no Facebook, o que levou à solicitação pública de demissão após uma “erosão na fé de que a companhia faria algo diferente”. Para Chandwaney, tantos erros de política não podem mais serem considerados como tal, e sim, como uma postura clara da companhia diante do ódio e da violência.

Em resposta, uma porta-voz do Facebook negou que a empresa se beneficie do discurso de ódio e citou investimentos de bilhões de dólares na segurança de seus usuários e as comunidades às quais pertencem, com programas de checagem de fatos e foco na moderação de postagens. Segundo Liz Bourgeois, parcerias com especialistas também geram mudanças constantes nas políticas de uso e publicação de conteúdo, com 96% dos casos de discurso de ódio sendo removidos antes mesmo de serem visualizados ou denunciados por alguém.

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Fonte: The Washington Post