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X-Men | A história secreta por trás da animação de sucesso dos anos 1990

Por| 15 de Março de 2024 às 15h40

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O desenho animado noventista dos X-Men faz parte da memória afetiva de mais de uma geração de fãs. Foi a primeira produção que mergulhou fundo em uma franquia que era bastante conhecida entre os nerds, mas quase desconhecida pela grande audiência. Muita gente que acompanhou o sucesso da animação sequer imagina como foram os bastidores dessa empreitada, que ilustra bem o cenário que surfava na onda otimista dos anos 1980, mas sofreu bastante com a queda dos heróis nos anos 1990.

De onde veio a ideia para fazer uma animação dos X-Men? Como a Marvel Entertainment seguiu em frente com uma produção, sabendo que a maioria de suas adaptações falhou? Quem foram as referências e os responsáveis pelo sucesso da produção? E como essas aventuras conquistaram tantos fãs fiéis ao longo desses anos todos?

O Canaltech conta para você a história secreta do sucesso do desenho dos X-Men nos anos 1990.

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O caminho até o sucesso dos X-Men nos anos 1990

Até 1985, o mercado de quadrinhos vivia os últimos momentos da Era de Bronze dos quadrinhos. O setor entrava em um momento mais cru, sombrio e realista — depois de duas décadas explorando ficção científica e fantasia, o público estava apto para abraçar propostas mais ousadas, principalmente com autores sugerindo diferentes perspectivas sobre os heróis.

Uma das barreiras na cultura da época era superar preconceitos que até hoje giram em torno dos quadrinhos: de que é um produto feito para crianças, um subgênero da literatura; e de que pode ser uma má influência na formação de jovens. E aqui vale um adendo sobre esta questão.

Desde que o psiquiatra Fredric Wertham emplacou o livro Seduction of the Innocent em alguns círculos de pensamento limitado no final dos anos 1960, até hoje há educadores que acreditam em uma “má influência” dos quadrinhos. O famigerado Comics Code Authority, um selo de “aprovação” sobre temas permitidos nas HQs, censurou muitas revistas; e, embora a Marvel e a DC tenham abandonado essa referência há décadas, até 2011 algumas editoras estadunidenses ainda se submetiam ao crivo desse “código de conduta”.

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É importante lembrar disso para compreender como os roteiros mais complexos e o desenvolvimento mais verossímil dos personagens se tornaram vanguarda, pois muitas das obras de Alan Moore, Frank Miller e outros desafiavam várias das regras do Comics Code Authority. E a própria natureza dos X-Men, que, basicamente, trata sobre diferença, preconceito e diversidade, podia representar um questionamento às pregações de Wertham.

Graças a excelentes arcos e a um crossover que marcou época, Massacre de Mutantes, as histórias dos X-Men evoluíram e se multiplicaram. Com a equipe criativa formada pelo roteirista Chris Claremont e o desenhista Jim Lee, os Filhos do Átomo terminavam os anos 1980 prontos para brilhar na década seguinte.

Os bastidores da criação da animação dos X-Men nos anos 1990

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Paralelamente aos quadrinhos, Stan Lee, que ainda nos anos 1970 já via em outras mídias uma grande oportunidade para a Marvel ampliar seu alcance com filmes, animações e séries de TV, tentou emplacar o máximo de franquias que pôde em outras plataformas.

Embora os seriados antigos do Hulk e do Homem-Aranha, os desenhos (des)animados de Homem de Ferro e animações do Homem-Aranha e Quarteto Fantástico (em conjunto com a Hanna-Barbera) tenham feito relativo sucesso, a fidelidade aos personagens e tramas das revistas era comprometida pela falta de qualidade técnica, por concessões em prol de um conteúdo “mais adequado” ao público infanto-juvenil, e também pelos resquícios das ideias de Wertham.

Os longas produzidos com as propriedades da Marvel nos anos 1980 também resultavam em filmes B, mais associados aos trash movies do que super-heróis. Ainda assim, Margaret Loesch, uma jovem produtora apaixonada pelos X-Men viu uma grande oportunidade para convertê-los fielmente para a animação. Assim nasceu, em 1989, Pryde of the X-Men, um piloto que trazia grande qualidade de animação e as principais características de cada personagem, assim como seus uniformes.

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Pryde of the X-Men, que chegou a ser lançado em home video, fez grande sucesso em um círculo limitado de fãs; e agradou também muito executivos. Quando Loesch assumiu a chefia da divisão infantil da Fox, a Fox Children’s Network, ela logo contratou a produtora Saban Entertainment e o estúdio Graz Entertainment para confeccionar 13 episódios do que seria a bem-sucedida animação dos mutantes nos anos 1990.

O sucesso das animação dos X-Men nos anos 1990

Vale destacar que, em 1990, vivíamos uma época de mudanças radicais. O mundo via o Muro de Berlim cair, assim como a Guerra Fria se diluir. Vários parâmetros e referências pairavam no ar, sem a polarização que marcou tanto os anos 1980. Isso se refletiu nos quadrinhos de super-heróis, que ganharam mais páginas de ação e destaque para os uniformes e para os corpos dos personagens, nitidamente mais sexualizados.

Esse novo estilo acertou em cheio uma geração de leitores, principalmente com a fase do artista Jim Lee ao lado do roteirista Chris Claremont. Lee, influenciado por vários artistas do passado, inclusive Frank Miller, trouxe um estilo mais definido e detalhado, com design de personagens atualizado. Os uniformes, ainda que pouco funcionais, ganharam vários apetrechos e esquemas de cores. Lee também ajudou a criar o herói Gambit, que se tornou um clássico instantâneo.

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O título Uncanny X-Men, na fase de Claremont e Lee, chegou a vender 8 milhões de cópias de uma só edição, algo que chega a ser impensável no mercado atual — vender mais de 100 mil cópias atualmente é muito difícil em 2023. E calhou de Loesch conseguir encaixar, tanto no roteiro quanto no visual da animação, a mesma aura das revistas que faziam tanto sucesso nas bancas.

No Brasil, embora tenha chegado com certo atraso, a animação também chegou fazendo muito sucesso, porque os fãs não viam a hora de ver um conteúdo realmente fiel à revistas. E como a fase de Claremont e Lee estava desembarcando por aqui, o timing foi perfeito, ainda mais como um formato de publicação que valorizava ainda mais a arte.

Dessa forma, os brasileiros que nunca tinham ouvido falar dos X-Men e curtiam as animações, conseguiam comprar revistas com tramas e personagens que eram muito parecidos com os que as pessoas viam na TV. E isso contribuiu muito para que a animação dos anos 1990 se tornasse um marco na infância e adolescência de bastante gente.

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A queda e o revival da animação dos X-Men dos anos 1990

Nem mesmo Loesch tinha imaginado que a animação dos X-Men, que incluía temas distantes do conteúdo infanto-juvenil na época, faria tanto sucesso. O próprio cuidado com a arte-final e a revisão dos episódios parecia feito às pressas na primeira temporada. Há muitos erros de desenho, animação, layout e até continuidade em toda a trajetória da atração.

Um dos problemas que a animação vivia era a incerteza de que haveria um próximo ano. E, mesmo contrariando todas as “regras” de conteúdo infanto-juvenil da época, o desenho dos X-Men passaram a trazer sagas enormes, em vários capítulos — muitos dos quais sequer terminavam em uma mesma temporada.

Com o tempo, a qualidade das revistas dos X-Men foram caindo, assim como o interesse do público. Para piorar, era difícil encontrar, principalmente no Brasil, uma emissora que exibisse todos os episódios na ordem correta. Foram 76 capítulos, dos quais os 11 finais tiveram um tremendo corte de custo, por conta da falência da Marvel — atualmente, é possível encontrar todas temporadas no Disney+.

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Atualmente, a Marvel Studios, que sabe como os fãs adoram a nostálgica série, já confirmou que o desenho dos X-Men dos anos 1990 é canônico em relação ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Tanto é que o Professor Xavier que aparece em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é o mesmo da animação — é possível até ouvir a saudosista trilha sonora de assinatura da atração quando ele entra em cena.

E, para a alegria de todos, ainda este ano a Marvel Studios deve disponibilizar no Disney+ a animação X-Men’97, que retoma a atração de onde ela tinha parado há 26 anos.