Publicidade

Quarto de Despejo ganha versão em HQ ilustrada por artistas negras

Por  | 

Compartilhe:
SOMOS Educação
SOMOS Educação

Nem só de heróis da mitologia contemporânea são feitos os quadrinhos que inspiram os leitores, e, prova disso, é a adaptação do livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada em uma HQ ilustrada por artistas negras. O projeto homenageia a obra e o legado da escritora e ex-catadora de papel Carolina Maria de Jesus, que completaria 110 anos nesta quinta-feira (14).

Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento, Minas Gerais, e, em 1937 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica. A partir de 1948, quando passou a viver na favela do Canindé, onde nasceram seus três filhos, começou a ganhar popularidade por registrar seu cotidiano como catadora de papel em palavras.

Com um relato de linguagem objetiva que alternava o culto e o inculto, entre o registro popular e o discurso literário, Carolina descreveu em vários cadernos suas vivências no período de 1955 a 1960. As palavras, cruas e viscerais, ilustram com rara fidelidade as angústias dos habitantes da favela, sobretudo a rotina da fome. Como sustentava um lar recolhendo papel nas ruas, quando não conseguia o suficiente, ela e seus filhos não comiam. 

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

O jornalista Audálio Dantas, depois de conhecer Carolina, levou sua história ao grande público em duas reportagens: uma no jornal Folha da Noite, em maio de 1958; e outra na revista O Cruzeiro, um pouco depois. O repórter selecionou trechos de 20 cadernos do diário de Carolina, em 1960, a editora da Livraria Francisco Alves lançou um livro que é considerado um dos marcos da literatura feminina no Brasil. 

Adaptação com artistas negras

O livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada reproduz o diário em que Carolina narra seu dia a dia em uma comunidade pobre da cidade de São Paulo, desocupada para construção da Marginal Tietê, em 1961, por influência da repercussão de sua obra. A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em apenas uma semana. Desde o lançamento, o texto já foi traduzido para mais de 13 idiomas. 

A adaptação para HQ foi feita por quatro artistas negras: a roteirista Triscila Oliveira (@afemme1), a ilustradora Vanessa Ferreira (@pretailustra) e as arte-finalistas Hely de Brito (@ilustralyly) e Emanuelly Araujo (@vulgoafronauta).

“Queríamos continuar fazendo algum trabalho em cima do Quarto de Despejo. Como é um gênero literário que gera bastante interesse do público, a ideia foi adaptá-lo para HQ, com o propósito também de incentivar a leitura já a partir do sexto ou sétimo ano do ensino fundamental”, disse à Agência Brasil a coordenadora Laura Vecchioli do Prado, da SOMOS Educação, companhia idealizadora da iniciativa que faz parte da Editora Ática.

Quarto de Despejo tem 90 páginas ilustradas, e já está disponível para venda na Amazon e em algumas das livrarias do país.