Miracleman voltará a ser publicado na Marvel em edição de luxo nos EUA
Por Márcio Padrão | Editado por Claudio Yuge | 05 de Janeiro de 2022 às 21h40
Miracleman, personagem dos anos 1950 que foi renovado pelos autores Alan Moore e Neil Gaiman nos anos 1980, vai ganhar mais uma edição da Marvel nos EUA. E desta vez com muito luxo. Miracleman Omnibus reunirá todas as histórias do super-herói de origem britânica escritas naquela década. As histórias de autoria do criador do personagem, Mick Anglo, não farão parte.
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Esta primeira edição do Omnibus, que também incluirá uma coleção de capas, obras de arte originais e conteúdos raros, incluirá:
- Material da editora Warrior (1982): edições 1-18, 20-21
- Miracleman (1985): edições 1, 3, 6-16
- Especial Marvelman (1984): edição 1
- Material da editora A1(1989): edição 1
- All-New Miracleman Annual (2014): edição 1
A publicação terá duas capas: uma por Garry Leach, que trabalhou com o personagem na década de 1980, e uma alternativa de Kevin Nowlan. Haverá ainda uma nova capa por Alan Davis, outro envolvido com o personagem na sua fase áurea. A edição chega ao público americano em setembro de 2022.
Quem é Miracleman?
Miracleman tem como alter-ego o repórter freelance Michael Moran, que descobre ter poderes divinos ao falar a palavra mágica "Kimota" (algo como "atômico" em inglês, ao contrário). O herói surgiu em 1954 com o nome Marvelman, como uma forma da editora L. Miller & Son substituir o Capitão Marvel (Shazam, como é chamado hoje), logo após perder os direitos de publicação do herói dos EUA.
A série original durou até 1963, mas em 1982 a editora Warrior revitalizou Miracleman com os roteiros de Alan Moore. Sua passagem pelo personagem tornou-se uma das obras mais aclamadas do gênero de super-herói. Moore trouxe um tom mais sobrio e elementos do übermensch do filósofo Friedrich Nietzsche, mostrando que o enorme poder do herói causa consequências imensas na humanidade. É uma discussão que acontece em outras obras assinadas pelo gênio britânico, como Watchmen.
Pendenga jurídica
Durante a década de 80, houve uma mudança de editora (para a Eclipse), trocou-se o nome de Marvelman para Miracleman para evitar processos da Marvel, Moore saiu e deixou para Neil Gaiman a tarefa de continuar as histórias. Mas a Eclipse faliu antes mesmo de Gaiman terminar sua história. E isso perdura até hoje, por conta de uma série de problemas jurídicos pela posse do personagem, que envolveu ou envolve o criador Mick Anglo (falecido em 2011), Moore, Gaiman e até Todd McFarlane (criador de Spawn), que comprou o espólio da Eclipse em 1996.
Uma das consequências bizarras disso é que Moore é creditado como "o escritor original" nas recentes republicações dos arcos clássicos de Miracleman. Não se sabe ao certo o motivo, mas provavelmente é uma cláusula acertada entre ele e a Marvel, dona do personagem desde 2009. Afinal, o britânico teve péssimas experiências de trabalho com a Marvel e a DC e faz de tudo para desvincular seu nome de qualquer fonte de renda para as duas editoras. No site da Marvel com o anúncio da edição Omnibus, o nome de Moore sequer é citado.
O fato é que a Marvel não parece que vai largar esse osso. Tanto é que Miracleman tem boas chances de ser usado em Timeless, atual saga publicada pela editora. O logo do personagem apareceu no quadrinho final da primeira edição da nova revista. E há anos a Marvel promete encerrar o arco inconcluso de Gaiman dos anos 1980. Será que agora vai?
Fonte: Gamesradar, Marvel