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Legado de Júpiter | Conheça o autor e as HQs da nova série de heróis da Netflix

Por| 06 de Maio de 2021 às 09h10

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Image Comics
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Tudo sobre Netflix

Em 2017, a Netflix anunciou a compra da editora Millarworld, que envolve todo o trabalho do roteirista escocês Mark Millar. Isso inclui propriedades como The Magic Order, Chrononauts, American Jesus, Empress, Superior e Legado de Júpiter, entre outros quadrinhos de relativo sucesso e desconhecidos do grande público. Vale lembrar que a franquia Kingsman e as adaptações O Procurado e Kick-Ass: Quebrando Tudo também fazem parte do currículo do autor.

De lá para cá, a Netflix só usou essa aquisição para lançar sua primeira incursão nos quadrinhos, com a publicação própria de The Magic Order, que já nasceu para ser adaptado para a TV. Aliás, Millar é conhecido por criar projetos “prontos” para serem vendidos para estúdios usarem em outras mídias. E isso também engloba as histórias de Legado de Júpiter.

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Nesta semana, a plataforma de streaming finalmente divulgou as primeiras informações envolvendo a produção da conversão desse título para uma série em seu catálogo exclusivo. A Netflix postou um teaser em vídeo com a descrição da atração e os desenhos de Frank Quitely “ganhando” vida e se transformando em cenas da atração — mostrando que tudo deve se manter bastante fiel às contrapartes de papel.

Mas o que é esse Legado de Júpiter? Por que fez tanto sucesso? E por que os autores são tão celebrados? O Canaltech responde a essas perguntas logo abaixo. Lembrando, claro, que abaixo estão informações sobre os quadrinhos que podem ser pequenos spoilers para quem não leu e pretende fazer isso em breve.

O polêmico Mark Millar

Em meados dos anos 1980, um adolescente Mark Millar saiu todo feliz de uma sessão de autógrafos de gibis. A razão disso foi por ele ter conseguido um autógrafo do bruxo dos quadrinhos, Alan Moore. A partir dali, o garoto já tinha em mente o que gostaria de ser nos próximos anos: um roteirista de histórias em quadrinhos.

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Millar bebeu na fonte dos trabalhos de Moore, Grant Morrison, Peter Milligan, Garth Ennis, entre outros, e conseguiu publicar algumas histórias na mítica revista inglesa sci-fi 2000 AD no anos 1990. Já no começo de 2000, depois de uma passagem na DC Comics escrevendo Monstro do Pântano e auxiliando Morrison em títulos como Liga da Justiça e Flash, ele assumiu Authority. A partir daí foi que começou a mostrar sua assinatura.

O autor costuma ter sequências explosivas e consegue amarrar bem conceitos de super-heróis com ideias que vemos no mundo real. Além disso, ele é muito bom em “vender” suas tramas para o público. Contudo, uma de suas características às vezes incomoda parte dos leitores: Millar brinca muito com anticlímax e suas reviravoltas não trazem assim grandes inovações nos quadrinhos em si.

Em um exemplo disso, há histórias dele, como O Procurado, que começam com grande impacto e prometem grandes revelações; mas, em certo momento da trama, ele mata um protagonista que vinha construindo com detalhes — assim, do nada, no meio do terceiro quadro de uma página aleatória. E, embora incomode muitos leitores, esse estilo impulsivo muitas vezes funciona, especialmente quando Millar tem um material mais consistente nas mãos.

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E foi exatamente isso que aconteceu em 2001, quando foi convocado por Joe Quesada, então editor-chefe da Marvel Comics, para ajudar a reconstruir os principais ícones da editora em um universo paralelo, chamado de Ultimate. Com a possibilidade de brincar da forma que quisesse com personagens conhecidos há décadas, ele trouxe uma interessante abordagem para os mutantes em Ultimate X-Men e uma versão ainda mais curiosa dos Vingadores, em Ultimates.

Diferente do que vinha acontecendo com os Vingadores da cronologia principal, da Terra-616, Millar levou a tensão interna entre os membros da equipe a um patamar nunca visto, tudo de uma forma verossímil. Foi ele que mostrou que o Capitão América, no final das contas, não muda de patente porque não quer e, claro, mata, pois é um soldado sempre em guerra. Em seus Supremos, como ficou o nome da equipe em português, o Thor muitas vezes era questionado: seria ele mesmo um deus nórdico ou apenas um “maluco-beleza” com uma seita duvidosa na Europa?

Isso fez tanto sucesso que os próprios Vingadores da linha tradicional passaram a ser influenciados por essa pegada atualizada e mais realista. E a versão que chegou às telonas pela Marvel Studios é uma adaptação direta dos Supremos — foi na revista de Millar, aliás, que Samuel L. Jackson foi “escalado” no elenco, antes mesmo do filme existir, já que o desenhista Bryan Hitch usou-o como referência para Nick Fury.

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Depois disso, Millar aumentou seu portefólio de grandes histórias, com novos clássicos, a exemplo da saga Guerra Civil e do arco O Velho Logan, que foram referências para ambas as adaptações para as telonas. Na DC, ele também voltou a publicar material de qualidade, como Superman — Entre a Foice e o Martelo, que virou animação, lançada no ano passado.

Lá em 2004, o autor decidiu criar um estúdio próprio de quadrinhos, com essa proposta “vendável” para Hollywood. Assim nasceu seu Millarworld, com tramas que não “inventavam a roda”: as páginas traziam uma combinação de coisas que já vimos em personagens e enredos reconhecíveis, mas com seu próprio “toque” impulsivo. E, desde então, temos visto publicações como O Procurado, Chosen, Kick-Ass, Kingsman, The Magic Order, Superior e… O Legado de Júpiter.

O Legado de Júpiter

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Antes de entrar na trama, é preciso destacar como a ideia para o título foi construído. Millar alistou um artista de primeira grandeza, que realizou um dos melhores trabalhos do Superman em todos os tempos: o também escocês Frank Quitely, que criou, ao lado de Grant Morrison, o sensacional Grandes Astros: Superman — aliás, temos uma matéria sobre o artista, durante sua passagem pelo Brasil durante a CCXP19, no link abaixo.

Quitely, muitas vezes comparado com o francês Moebius, tem os traços bem finos e detalhados e consegue aplicar efeitos práticos em roupas de super-heróis, trazendo realismo, mas mantendo os elementos de fantasia e ficção científica. Esse tom foi ideal para que Millar construísse sua homenagem à Era de Ouro dos quadrinhos e a personificação do “Sonho Americano”, período que vai dos anos 1930 a 1950 nos Estados Unidos.

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O Legado de Júpiter foi lançado em 2013 pela Image Comics e acontece em um mundo onde a primeira geração de super-heróis viajou para uma ilha remota e misteriosa no Oceano Pacífico, no auge da Grande Depressão em 1932 — uma clara alusão aos quadrinhos de Giant-Size X-Men #1. Um jovem chamado Sheldon Sampson e seus amigos recebem superpoderes durante a exploração e retornam para casa determinados a “fazer a América grande novamente”. Para isso, cada um assume alter-egos de super-heróis, com o objetivo de inspirar o público a seguir seus exemplos de heroísmo. Assim nasce o grupo União, sediado em Nova York.

A equipe é liderada pelo Utópico, Sheldon, que tem poderes análogos aos do Superman e que era um empresário de sucesso, antes de se tornar um mecânico de automóveis para “se conectar às pessoas comuns”. Seu irmão mais novo, Walter, tornou-se o super-herói Onda-Cerebral, com a capacidade de voar e habilidades psíquicas. Sua esposa, Grace Kennedy, assume o codinome Lady Liberdade, com poderes que rvivalizam com os seus. A União ainda conta com os heróis Fitz e George Hutchence, The Flare e Skyfox, respectivamente — todos bem parecidos com integrantes da Liga da Justiça.

E onde está o tal legado? Pois então, depois de combater o crime durante anos, a União perde força e entra no anonimato, coincidentemente em um período em que os Estados Unidos enfrenta uma crise econômica e o declínio como potência global. Os filhos de Sheldon e Grace, Brandon e Chloe, também têm poderes, mas, diferente dos pais, eles não estão assim se importando muito em salvar o mundo — pense em um comportamento mais próximo do que já vimos em The Boys.

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E é esse choque geracional que vemos nas páginas das dez edições da trama, que traz muitas influências da cultura pop; de Shakespeare, passando a Star Wars, até o mundo das celebridades do cenário real atual — tudo isso amarrado com crítica ao governo dos Estados Unidos. A série limitada teve uma continuação e uma prequela, O Círculo de Jupiter, focada nos dias de combate ao crime da “velha guarda”.

Como deve ser a adaptação na Netflix

Pela própria prévia anunciada pelo serviço de streaming ao longo da semana, já foi possível notar que a trama e os personagens serão muito fieis ao material original — inclusive com todo o design baseado nos traços de Quitely. E isso faz sentido, já que, como dito anteriormente, Millar já produziu o título pensando em uma adaptação.

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O que a série da Netflix pode fazer de melhor é preencher algumas lacunas deixadas entre eventos e diálogos de personagens, já que o decorrer da trama acontece relativamente rápido nas páginas dos quadrinhos. Assim, algumas das sugestões deixadas pelo autor, para que o leitor crie em sua mente, podem ser exploradas com mais detalhes nas telinhas. Além, claro, de a dramatização oferecer mais vida e verossimilhança aos personagens, especialmente Brandon e Chloe.

A sinopse oficial traz a seguinte descrição:

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Depois de quase um século mantendo a humanidade segura, a primeira geração de super-heróis do mundo deve confiar nos seus filhos para continuar o legado. Mas as tensões aumentam à medida que os jovens super-heróis, famintos por provar seu valor, lutam para viver de acordo com a lendária reputação pública de seus pais — e exigentes padrões pessoais.

O Legado de Júpiter tem roteiros do próprio Millar e é estrelado por Josh Duhamel como Utópico, Ben Daniels como Onda-Cerebral, Leslie Bibb como Lady Liberdade, Elena Kampouris como Chloe Sampson, Andrew Horton como Brandon Sampson, Mike Wade como The Flare, Anna Akana como Raikou e Matt Lanter como Skyfox. A série, com oito episódios, estreia no dia 7 de maio na Netflix.