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Capitão da Hidra? Relembre a trajetória do Steve Rogers fascista nos quadrinhos

Por| 28 de Abril de 2020 às 11h28

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Marvel Comics
Marvel Comics
Steve Rogers

Todo super-herói icônico tem uma característica básica que nunca muda ao longo dos anos. Todos sabemos que “grandes poderes, grandes responsabilidades” veio do Tio Ben, que os pais do Batman foram assassinados na frente dele quando criança, que a Mulher-Maravilha é uma amazona e o Capitão América nasceu para fazer frente ao nazismo e ao fascismo. Só que em um período recente, Steve Rogers “virou a casaca” e lançou as palavras “Hail Hydra!”. O episódio chocou os leitores e até foi usado no Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês), em Vingadores: Ultimato. Mas como aconteceu essa treta? Vamos relembrar.

A Marvel Comics, assim como a DC Comics, passou a última década tentando fazer um pacto com os leitores para diminuir o número de grandes eventos anuais. A maior crítica era com relação às dezenas de títulos paralelos que, no final das contas, muitos deles faziam falta para ver mesmo a trama completa. Então, além de reduzir os “blockbusters de verão”, as editoras optaram por promover mudanças dinâmicas de longo prazo com alguns de seus personagens-chave — algo que a Marvel tem feito melhor e em sincronia com o cinema.

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Depois do sucesso da “virada de mesa” no filme Capitão América: O Soldado Invernal, tanto a série da SHIELD na ABC quanto outros longas do MCU foram afetados pela infiltração da Hidra dentro da organização estadunidense. A Marvel Comics aproveitou esse gancho para fazer algo semelhante nas revistas e, de quebra, reformular o Sentinela da Liberdade. E, embora algumas das coisas que aconteceram sejam questionáveis, o resultado pode ser considerado bom, com o herói lidando com subtextos dessa fase até hoje.

ATENÇÃO: a partir daqui há detalhes sobre tramas que podem estragar as surpresas para quem não leu. Aviso de spoiler, amiguinhos — embora a maior parte já tenha sido publicada há algum tempo.

Steve Rogers idoso e o Cubo Cósmico vivo

Sempre houve uma discussão a respeito dos poderes do Capitão América, que recebeu o Soro do Supersoldado. Quando os Estados Unidos usaram os quadrinhos no combate às drogas, no final dos anos 80, muita gente passava a se perguntar: “Mas o símbolo máximo do heroísmo do país não se tornou um meta-humano após usar uma substância para melhorar o desempenho do corpo?”. Depois disso, vira e mexe os editores tentam achar uma forma de acabar com essa parte do passado e inserir uma mais “limpa”.

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E foi o que aconteceu de novo e agora parece ter sido em definitivo. Em 2014, em Captain America #21, o escritor Rick Remender introduziu um combate entre Steve Rogers e o vilão Prego de Ferro, logo após o herói ter passado por anos na Dimensão Z. No final, o inimigo consegue remover o Soro do Supersoldado, o que deixa o Sentinela da Liberdade com sua idade real, a de um homem de 90 anos. Depois da conclusão desse arco, o idoso Rogers seguiu nos bastidores, em uma posição estratégica de comando na SHIELD e nos Vingadores.

Eis que isso tudo era a preparação do terreno para o evento Vingadores: Vertentes (Avengers: Standoff! no original), em 2016. Maria Hill e a SHIELD criaram uma cidade-prisão chamada de Pleasant Hill, onde os vilões viviam cotidianos ordinários depois que suas mentes eram apagadas com a ajuda de um fragmento senciente do famoso Cubo Cósmico. Essa entidade tinha a forma de uma garotinha, chamada de Kobik, e era extremamente poderosa, ao ponto de reescrever a realidade e manter a ilusão dessa cidadezinha pacata de interior.

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Eis que, em determinado momento da trama, o velho Rogers, o Falcão e o Soldado Invernal encontram esse local, onde o Capitão América entra em combate com Ossos Cruzados. Quando Rogers estava prestes a sucumbir nas mãos do vilão, sua forma jovial foi restaurada. Isso foi obra de Kobik, que, como em um passe de mágica, restaurou a saúde inabalável do herói.

Império Secreto

Um pouco depois, os leitores descobrem que, na verdade, Kobik vinha sendo manipulada pelo Caveira Vermelha a acreditar que a Hidra era uma organização em prol da humanidade. Então, ela “reconstruiu” o passado de Steve, fazendo com que ele sempre estivesse atrelado ao grupo fascista. Eis que assim nasceu a famosa cena em que ele diz “Hail Hydra!”.

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Aqui vale um adendo com a cena que chocou os leitores, pois pela até provocou uma onda de ironia em forma de memes, com outros heróis.

O “Steve do mal” passou então a trabalhar secretamente em sua própria visão distorcida de mundo, na saga Império Secreto, de 2017. Ele expulsou os heróis cósmicos da Terra, graças a um escudo protetor global; dominou e bloqueou a cidade de Nova Iorque do resto do mundo; e destruiu Las Vegas, em uma tentativa de assassinar os Vingadores.

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Vale destacar um fato curioso, que parte da comunidade heroica até concordou com esse novo Capitão América, sem desconfiar que se tratava desse “Steve do Mal”. O Justiceiro, por exemplo, sempre foi fã de Rogers e passou a acreditar cegamente no líder com passado alterado.

Caminho de recuperação

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No final, ficamos sabendo que Kobik, na verdade, não tinha reescrito o passado de Steve Rogers; e sim criado um novo, enquanto o verdadeiro permanecia preso dentro do Cubo Cósmico. Quando a menininha percebeu o erro, ela trouxe o “Steve do bem” de volta, que então derrotou e prendeu o “Steve do mal”. Veja que somente o Capitão América verdadeiro poderia levantar o Mjolnir — em dado momento da série o Cap falso chegou a usar esse argumento, com um truque para segurar o martelo do Thor.

Contudo, mesmo depois de desfazer o reino de terror que tomou conta do mundo e de liberar as fronteiras da Terra e dos Estados Unidos, o Capitão América teve sua reputação manchada e a opinião pública passou a olhá-lo com temor. Depois disso, em 2018, começou a jornada de Rogers para reconstruir sua imagem junto aos cidadãos estadunidenses. Ele passou a cruzar a América de moto, de cidade em cidade, para ver de perto o que seu país se tornou e como se transformar novamente em um símbolo de justiça e liberdade entre seu povo.

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Embora o resultado tenha caído no famoso “retcon” (retroactive continuity, ou continuidade retroativa, quando uma saga faz o escarcéu e tudo volta a ser o que era, resumidamente), serviu para “rebootar” o Capitão América sem ênfase no Soro do Supersoldado (a droga, lembra?). E é nessa fase que estamos agora, sob o comando do escritor Ta-Nehisi-Coates. Parte dessa história está acontecendo com um certo atraso no Brasil, portanto, é uma boa hora para acompanhar o arco de redenção do Sentinela da Liberdade.

Com informações e imagens do CBR