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Por que a Xiaomi não tem muitos celulares à prova d'água?

Por| Editado por Léo Müller | 06 de Abril de 2022 às 17h22

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Eric Mockaitis/Canaltech
Eric Mockaitis/Canaltech
Mi 11 Ultra

A Xiaomi é, segundo o Canalys, a terceira empresa que mais cresce no mercado de celulares no mundo. Porém, ainda existem alguns diferenciais encontrados nas concorrentes à frente dela no ranking — Apple e Samsung — que podem justificar o destaque delas em relação à marca chinesa.

Um exemplo disso é a certificação IP68, que permite a utilização do smartphone embaixo d’água sem o risco de danos internos em sua estrutura. Nesse quesito, as empresas competidoras estão muito mais avançadas do que a Xiaomi.

Mas o que será que impede a chinesa de implementar esse recurso em seus celulares? O custo? A falta de interesse do público? A diferença que isso faria na margem de lucro? Vamos descobrir.

Afinal, o que é IP68?

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Antes de falarmos o significado, é importante entender a origem desse termo. O código IP foi definido com base no padrão criado pela Norma IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional). Graças a essa classificação, é possível saber qual é a classe de vedação dos eletrônicos ao contato com a água, partículas de poeira e outros materiais.

No ranking de certificações contra a intrusão de elementos, a IP68 é uma das mais avançadas a qual temos acesso quando o assunto é contato com água e poeira. Essa garantia é disponibilizada para proporcionar maior segurança no uso de celulares, relógios e outros dispositivos.

Na tabela, é possível mensurar o nível de proteção que um aparelho com IP68 alcançará, já que existem algumas opções superiores e outras inferiores que podem ser implementadas pelas fabricantes, apesar de essa ser a mais conhecida.

NívelSólidos (primeiro número)Líquidos (segundo número)
0Sem proteçãoSem proteção
1Protegido contra objetos sólidos acima de 50 mmProtegido contra gotas de água que caem verticalmente.
2Protegido contra objetos sólidos acima de 12,5 mmProtegido contra gotas diretas de água até 15 graus da vertical.
3Protegido contra objetos sólidos acima de 2,5 mmProtegido contra esguicho de água até 60 graus da vertical.
4Protegido contra objetos sólidos acima de 1 mmProtegido contra água de todas as direções.
5Protegido contra poeira, mas entrada limitada do resíduo.Protegido contra jatos de água de todas as direções.
6À prova de poeiraProtegido contra jatos fortes de água em todas as direções.
7Protegido contra os efeitos da imersão em água entre 15 cm e 1 metro por até 30 minutos.
8Protegido contra os efeitos de longos períodos de imersão em água sob pressão. Recomendável ser 1,5 metro de imersão por até 30 minutos.
9KProtegido contra água proveniente de jatos de vapor e alta pressão (jatos de 80º C com pressão de 80 a 100 bar, volume de 14 a 16 l/min, por até 2 minutos);
XInformações ausentesInformações ausentes
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Custos embutidos

Apesar de existirem diversas vantagens em se ter um celular à prova d’água, é preciso ter em mente que as fabricantes precisam realizar uma série de investimentos para conseguir repassar esse diferencial ao público.

Os custos para produzir um celular com IP68 são maiores, pois é necessário que a fabricante faça diversos testes com o aparelho para garantir que a entrega do resultado atenderá às expectativas gerais dos usuários.

Afinal, tanto a Xiaomi quanto qualquer outra fabricante precisam ajustar bem a vedação interna do smartphone para garantir que o contato com a água não vai causar nenhum tipo de invasão líquida ao longo do período máximo permitido.

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Afinal, mesmo com a certificação IP68, é ideal que o celular tenha um contato de, no máximo, 30 minutos com a água doce. No caso de água salgada, não há proteção que evite a corrosão ocasionada pelo excesso de sódio do mar.

Logo, essa proteção garante que o funcionamento do aparelho permanecerá o mesmo somente após o contato com a água em chuvas, rios, piscinas e cachoeiras. Entretanto, existem outros fatores que precisam ser considerados na hora de classificar um celular como à prova d’água.

Um deles é a vedação de partes removíveis, como é o caso da gaveta em que normalmente se instalam os chips de operadora e/ou o cartão microSD. É normal que a tampa tenha uma borracha para que — quando conectada corretamente — a entrada de líquidos seja barrada.

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Além disso, a entrada USB-C e dos alto-falantes também precisam de barreiras especiais para que a utilização permaneça eficaz e, ao mesmo tempo, mantenham o smartphones “blindados” da possível entrada de água.

Assim como os custos de produção, a Xiaomi precisa considerar os gastos para o celular ser classificado na certificação IP68.

Afinal, não basta passar pelos testes internos, mas também se adequar às normas da IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional) até que a fabricação em massa seja permitida e a comercialização comece.

Pequenos avanços

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A Xiaomi pode não estar investido em celulares à prova d’água da maneira que o público esperava para uma marca com o porte que a chinesa possui. Entretanto, pequenas avanços têm sido vistos nos últimos anos.

Em 2021, a fabricante anunciou três smartphones com certificação IP68: o Redmi Note 10 JE, o Xiaomi Mi 11 Ultra e o Xiaomi Mi 11 Pro. O primeiro faz parte da camada de intermediários que possuem como destaque a presença da conectividade 5G.

Mesmo que se trate de um produto mais simples do que os intermediários premium comercializados pela marca por aqui, é notório que ele é parte de uma estratégia da Xiaomi de demonstrar que dá para proporcionar esse tipo de proteção mais avançada em aparelhos com preço atrativo.

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As vantagens embutidas no Redmi Note 10 JE, infelizmente, só podem ser usufruídas pelo público japonês. Entretanto, há expectativa de que o Redmi Note 11 JE tenha a sua distribuição realizada em mais regiões para que os brasileiros também possam experimentar uma das primeiras alternativas à prova d’água da Xiaomi.

Além do intermediário, a gigante chinesa lançou dois topos de linha com certificação IP68, que são o Mi 11 Ultra e Mi 11 Pro. Os preços fora do padrão custo-benefício da marca — por volta de R$ 4.600 e R$ 3.100, respectivamente — faz com que o interesse do público com foco apenas nesse diferencial ainda não seja tão grande.

Quando veremos mais celulares da Xiaomi à prova d'água?

Considerando que a marca já começou a dar pequenos passos rumo a uma nova fase dentro do mercado mobile, pode ser que não demore muito para a certificação IP68 se tornar um padrão nos celulares da Xiaomi, pelo menos nos topos de linha.

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Entretanto, a chinesa ainda busca um meio de proporcionar essa proteção do smartphone sem que isso afete o preço repassado ao consumidor, já que grande parte dos usuários de modelos da marca ainda prezam pelo custo-benefício.

Afinal, se a Xiaomi conseguir disponibilizar aparelhos a um preço médio de R$ 1.800, e que já sejam à prova d’água, não demorará para que a concorrência também comece a propagar essa opção de proteção em celulares mais baratos.

Atualmente, a Samsung é a única que pode bater de frente com a gigante chinesa quando o assunto é disponibilizar aparelhos com IP68 na linha de intermediários. Até porque diversos modelos têm a certificação IP67, e subir o nível não é algo que demandará uma alteração grande na linha de produção.

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O fato de a Apple só ter aparelhos topo de linha faz com que ela enfrente a Xiaomi quando a chinesa investe nesse recurso em seus flagships. Dessa forma, os usuários encontram alternativas que entregam diversas características similares em fabricantes diferentes.

Sendo assim, é importante ver que a Xiaomi está “molhando os pés na água” para entregar mais diferenciais ao seu público com o foco em voltar a empolgar. Logo, as expectativas de novos celulares com IP68 da marca são grandes. Então, basta que a empresa faça isso se tornar realidade.