Review Poco C40 | Bateria gigante, mas desempenho fraco
Por Ramalho Lima (Maldditu Xavier) • Editado por Léo Müller

O Poco C40 deve ser o celular mais barato da Poco, subsidiária da Xiaomi, lançado em 2022. Atualmente, celulares de entrada ganharam mais relevância no mercado por oferecerem boa relação de custo-benefício. Eles já conseguem rodar aplicativos básicos com desempenho aceitável, o que é importante para usuários iniciantes ou pessoas que só precisam acessar serviços básicos, como bancos digitais e outros.
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O custo-benefício costuma interessar a todo tipo de usuário, até mesmo os que preferem produtos topos de linha. No caso do Poco C40, o aparelho parece ir de encontro à política que consagrou a fabricante, de oferecer celulares com ótimo desempenho, mas custando menos que os aparelhos de outras marcas com configurações semelhantes.
Em sua versão de 4/64 GB, o smartphone pode ser encontrado em torno de R$ 1 mil em lojas nacionais, o que não é muito dinheiro, considerando o mercado atual de celulares e a cotação do dólar. Ele também pode ser importado por um valor mais acessível.
No entanto, já temos opções de modelos nacionais — que não precisam ser importados — por valores semelhantes. Sendo assim, será que vale a pena comprar o Poco C40?
Prós
- Tela grande, de qualidade aceitável
- Possui NFC
- Possui leitor de impressões digitais
- Proteção Corning Gorilla Glass
- Bateria de longa duração
- Conector USB-C
Contras
- Baixo desempenho geral
- Software inflado
- Preço
Design e construção
O Poco C40 é um smartphone com construção simples, mas visual interessante. Ele é todo feito em plástico e sua traseira imita textura de couro, como já vimos em modelos de outras fabricantes. O aparelho está disponível em três cores: preto, amarelo e verde.
- Dimensões: 169.6 x 76.6 x 9.2 mm;
- Peso: 204 gramas.
Na parte frontal, temos um recorte no centro superior da tela, em formato de gota, que abriga a câmera de selfies. As bordas não são tão finas, mas apenas o que se espera de um celular desta categoria, sendo que a inferior é a mais extensa dentre elas.
Na traseira do celular, temos um módulo de câmeras com visual relativamente sofisticado, que pode levar usuários desavisados a pensar que o Poco C40 faz capturas impressionantes. Isso tem um lado bom, mas faz o aparelho soar pretensioso demais para quem o conhece de fato.
Dá a impressão de que há quatro sensores de câmeras, quando na verdade há apenas dois sensores e mais o Flash LED, acompanhados de um sensor falso. O leitor de digitais fica centralizado, no mesmo retângulo preto que circunda o módulo de câmeras.
Na parte de cima, temos uma entrada P2 para fones de ouvido. Na parte de baixo, ficam o conector USB-C para carregamento, o alto-falante e o microfone principal. Do lado direito, temos os botões de ajuste de volume e de energia. Já do lado esquerdo, temos apenas o slot para dois chips e cartão microSD.
O smartphone marca um ponto no quesito durabilidade, pois conta com proteção Corning Gorilla Glass, que reduz as chances de riscos na tela.
Tela
O Poco C40 tem tela bem espaçosa, com 6,71 polegadas e resolução HD+. Esse display usa um painel LCD IPS, e consegue entregar uma qualidade bastante aceitável para esta categoria de celular. Mais uma vez, o aparelho não impressiona, mas também não irrita o usuário interessado em ver filmes e séries ocasionalmente.
- Tamanho: 6,71 polegadas, 106,5 cm² de área, ~82% de ocupação;
- Tecnologia do painel: LCD IPS;
- Resolução e proporção: HD+ (720 x 1650 pixels), 20:9;
- Densidade aproximada: 268 pixels por polegada.
A tela tem especificações básicas, com seus 60 Hz de taxa de atualização e 400 nits de brilho total. O ângulo de visão é bom, mas tentar enxergar o display em um dia ensolarado é uma tarefa árdua.
Configuração e desempenho
Chegamos no departamento em que o Poco C40 mais desaponta: o desempenho. O aparelho é equipado com o chipset JLQ JR510 (11 nm), com todos os núcleos baseados na arquitetura Cortex-A55. Há variantes com 3/32 GB e 4/64 GB.
- Sistema operacional: Android 11 sob a MIUI 13 for Poco;
- Plataforma: JLQ JR510 (11 nm);
- Processador: Octa-core (4x 2,0 GHz Cortex-A55 + 4x 1,5 GHz Cortex-A55);
- GPU: Mali-G52;
- RAM e armazenamento: 3/32 GB ou 4/64 GB.
Eu testei a variante com 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento, e o resultado foi bem ruim. Em minhas pesquisas, descobri que a fabricante do chipset usado no Poco C40 é uma empresa bem nova, com poucos anos de experiência. Não tenho certeza se esta é a razão pelo baixo desempenho, só posso afirmar que o celular mostrou performance abaixo do esperado.
O smartphone baratinho da Xiaomi dá certas engasgadas de interface durante a utilização (o famoso lag), que aparentam não se tratar apenas de lentidão proveniente da taxa de atualização da tela. O aparelho é demasiadamente lento para baixar e instalar aplicativos.
Em benchmarks, o chipset do celular mostra o quão fraco ele é: basta observarmos as pontuações alcançadas. No Geekbench, o aparelho fez 168 pontos em single-core, 886 pontos em multicore e 520 pontos no OpenCL. Já no 3DMark, não foi possível realizar os benchmarks no Wild Life Unlimited, e muito menos no Wild Life Extreme Unlimited, pois o aparelho simplesmente não suporta.
Eu tentei jogar Asphalt 9 Legends no Poco C40, com o game setado no modo “desempenho” e com todos os efeitos gráficos desabilitados, e, mesmo assim, o jogo ficou dando alguns lags e atrasos nas respostas dos controles. Fora isso, o celular também é muito lento para abrir a maioria dos aplicativos.
Em jogos competitivos, acredito que este cenário fique ainda pior, até porque, nesta categoria de jogos, os usuários se beneficiam de altas taxas de quadros e boa resposta nos comandos. Se você pensa em adquirir o Poco C40 para jogar, saiba que o aparelho suporta apenas aqueles joguinhos mais leves, com gráficos bem simples.
Sobre conectividade, o Poco C40 conta com Wi-Fi dual-band, Bluetooth 5.0, NFC e rádio FM. Como era de se esperar, o celular não é compatível com redes móveis 5G.
O Poco C40 é um celular relativamente barato para os padrões do mercado atual. O aparelho traz alguns recursos interessantes, como NFC, leitor de digitais e conector USB-C. O problema é que seu desempenho está abaixo do esperado, devido ao chipset ultrapassado e o software extremamente inflado
— Ramalho Lima (Maldditu Xavier)
Usabilidade
Em matéria de software, o Poco C40 parece não ter tido nenhuma atenção por parte da fabricante. O aparelho sai de fábrica rodando o Android 11 sob a MIUI 13 for Poco. E, ao que tudo indica, ele só deverá ser atualizado, no máximo, até o Android 12.
O sistema operacional é inflado demais, cheio de aplicativos e recursos, que, talvez, o público alvo deste smartphone nem faça questão de usar.
Pelo que percebi, a MIUI 13 está completa, com todos os recursos presentes em modelos de celulares mais potentes, incluindo funcionalidades dispensáveis relacionadas à personalização da interface.
Para piorar, a MIUI parece querer forçar o usuário a usar tudo que ela oferece, mesmo que ele já tenha dispensado certos tipos de sugestões de uso via notificações. Infelizmente, isso só contribui para deixar o celular com hardware deste nível ainda mais lento.
Pelo menos, o leitor de impressões digitais funciona bem, embora ele fique localizado na traseira do aparelho.
Câmeras
Em câmeras, o Poco C40 mantém o desempenho dentro do esperado para celulares de entrada. Resumidamente, temos fotos com cores lavadas, e o HDR não consegue lidar bem, nem com locais muito iluminados, nem com muita sombra.
- Principal: 13 MP, abertura f/2.2, auto foco;
- Profundidade: 2 MP, abertura f/2.4;
- Selfies: 5 MP, abertura f/2.2;
- Vídeos: 1080p a até 30 fps.
Mais uma vez, temos o celular baratinho da Xiaomi se comportando exatamente como “poderíamos esperar”, por ser um aparelho de entrada. Aliás, a linha Poco não costuma impressionar em captura de fotos e vídeos nem em modelos com hardware parrudo. Então, era de se esperar que o C40 não fosse nada além do que ele consegue ser.
As selfies deixam as pessoas com um tom de pele mais claro que o normal, sem falar que o fundo perde muita nitidez. A câmera principal tem zoom digital de 8x, que não tem muita utilidade. E se você precisar gravar vídeos com o celular, perceberá que qualquer balanço deixará as imagens bem tremidas.
Eu também fiz um comparativo de uma foto tirada à noite com o modo noturno desativado e ativado, para que possamos ver a diferença. Com o recurso ativado, a imagem fica bem granulada.
Amostra de vídeo
Veja uma amostra de vídeo gravado em 1080p a 30 fps:
Sistema de som
O Poco C40 tem um sistema de som bem simples. O áudio é mono, já que o aparelho tem apenas um alto-falante.
Como todo celular, é sofrível ouvir música diretamente pelo smartphone. No mais, ele servirá bem a usuários iniciantes, que vão assistir a filmes e outros vídeos. Quem já tem experiência com celulares com áudio estéreo sentirá a diferença do som vindo de apenas um lado do dispositivo.
Para usuários básicos, um dos destaques do Poco C40 é sua bateria de 6.000 mAh. Como o chip do aparelho tem baixo desempenho, ele acaba tendo autonomia muito boa para quem vai usar o celular de vez em quando
— Ramalho Lima (Maldditu Xavier)
Bateria e carregamento
A capacidade de bateria foi a maneira que a Xiaomi encontrou para atrair a atenção do mercado e de possíveis novos clientes. O Poco C40 conta com uma bateria de 6.000 mAh, que é muito boa, mas seria ainda mais interessante, caso o chipset do aparelho não fosse fabricado sob a litografia de 11 nanômetros.
- Capacidade de carga: 6.000 mAh;
- Recarga: Até 18 W (o carregador incluso tem 10 W).
Mesmo assim, a bateria dura bem, e usuários idosos que poderão comprar o celular para uso básico ficarão ao menos três dias sem precisar recarregá-lo.
Temos uma dualidade interessante neste modelo, pois ele usa um processador de 11 nm, uma litografia ultrapassada e que consome bastante. Por outro lado, esse chip é tão fraco que acaba sendo econômico, queira o usuário ou não.
Eu realizei o teste de consumo colocando o celular para rodar vídeos na Netflix por três horas consecutivas, com o brilho e o volume em 50%. Ao final do teste, ainda restava 87% de carga no celular, o que é uma marca louvável. De acordo com estes dados, podemos estimar que o tempo total de reprodução do mesmo conteúdo fica em torno de 23 horas.
Em relação ao carregamento do celular, ele é compatível com carregamento rápido de 18 W, o que é um potência muito boa, e até inesperada para esta categoria de smartphones. No entanto, o carregador enviado na caixa tem apenas 10 W de potência. De qualquer forma, a bateria do celular tem velocidade de carregamento bem aceitável.
Concorrentes diretos
O melhor concorrente atual do Poco C40, sem dúvidas, é o galaxy a03, que também é um celular de entrada e custa entre R$ 800 e R$ 1 mil.
Os pontos fracos do Galaxy A03 são a ausência do NFC, do leitor de digitais e o conector de energia, que ainda é micro USB. A bateria do modelo da Samsung também é menor, mas nada que comprometa a autonomia do celular.
Sobre os pontos fortes, o Galaxy A03 tem desempenho bem mais aceitável que o modelo da Xiaomi, sendo que ele utiliza a One UI 3.1 Core, um sistema menos inflado de aplicativos e recursos desnecessários. O celular da Samsung não traz recursos a mais, porém só a boa experiência de uso dele é o suficiente para justificar sua compra.
Vale a pena comprar o Poco C40?
O Poco C40 é um smartphone de entrada da Xiaomi, lançado pela Poco, a queridinha dos usuários que adoram uma boa relação de custo-benefício. O aparelho surpreende por trazer recursos como NFC, leitor de impressões digitais, conector USB-C, tela LCD IPS e bateria imensa. O celular é recomendado para usuários que precisam economizar e fazem questão de ter essas funcionalidades.
Para usuários que não precisam desses recursos específicos, e preferem um celular com desempenho superior, sistema operacional mais enxuto, interface mais simples e mais organizada, da garantia oficial no Brasil, além de preço bastante justo, o Galaxy A03 surge como a opção mais acertada.