Gupy compra concorrente Kenoby após receber R$ 500 milhões
Por Márcio Padrão | Editado por Claudio Yuge | 11 de Fevereiro de 2022 às 16h20
A Gupy, startup brasileira de recrutamento em recursos humanos, comprou na quinta-feira (10) a concorrente Kenoby. O negócio ocorreu dez dias após a empresa captar R$ 500 milhões em rodada liderada pelos fundos Softbank e Riverwood, com a participação da Endeavor Catalyst. O valor da aquisição não foi revelado e envolveu troca de ações entre seus executivos.
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As duas empresas surgiram 2015 e os gestores de ambas já tinham um relacionamento amistoso desde o começo. Mas no segundo semestre do ano passado, Marcel Lotufo, fundador e CEO da Kenoby, disse que estava disposto a vender sua empresa para a rival. Agora Lotufo se tornou sócio da Gupy. Esta, por sua vez, irá trazer à sua equipe de 500 funcionários os mais de 100 profissionais da Kenoby.
A Kenoby já gerou cerca de 500 mil contratações desde a sua fundação, e a Gupy, 700 mil. Agora esta última terá mais de 36 milhões de pessoas cadastradas, além de superar a média de 80 mil vagas por mês. A aquisição também vai ampliar a carteira de clientes da Gupy, que hoje atende mais de 1,5 mil empresas, como Leroy Merlin, Centauro, OLX e Hering.
Em seus seis anos de trajetória, a Kenoby obteve mais de R$ 23 milhões em investimentos. Os aportes vieram da Astella e Duxx, além de uma operação de empréstimo de risco com a Brasil Venture Debt.
“Nós começamos praticamente na mesma época, com objetivos similares. A Kenoby sempre foi o nosso principal concorrente e nos deu muito trabalho. Isso criou um respeito e admiração mútuos, que favoreceu esse acordo”, disse Mariana Dias, cofundadora e CEO da Gupy, ao NeoFeed.
Gupy e Kenoby são alvo de críticas do público
As duas empresas foram favorecidas pela transformação digital na pandemia de covid. Os processos presenciais de recrutamento, como entrevistas de candidatos, migraram para a internet. A plataforma da Gupy usa bastante inteligência artificial para selecionar e ranquear os melhores profissionais em cada seleção; já a Kenoby nega usar IA, e sim "metodologias proprietárias, respaldadas na ciência e na psicologia organizacional".
No entanto, elas são alvo constante de críticas do público. Entre os pontos levantados estão:
- A demora ou inexistência de comunicação para informar que o candidato foi reprovado;
- Testes longos, complexos ou pouco alinhados com as requisições da vaga;
- Longas fichas de cadastro com perguntas pessoais demais;
- Incoerências na forma como os profissionais pontuam nos testes;
- E-mails escritos com erros, com erros de dados pessoais ou incoerentes com a situação da pessoa.
A notícia da aquisição já rendeu até algumas piadas nas redes sociais:
Em sua defesa, as duas empresas disseram ao Canaltech que suas plataformas trazem às empresas benefícios como economia de gastos, agilidade, assertividade e diversidade nas contratações. Sobre as críticas vistas nas redes sociais, Guilherme Dias, chefe de marketing e cofundador da Gupy, disse à reportagem em setembro que "ainda há muito o que melhorar" nas plataformas de RH.
Fonte: Neofeed