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Criminosos brasileiros são alvo do FBI por fraude em contas da Uber

Por| Editado por Claudio Yuge | 29 de Dezembro de 2021 às 22h30

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Criminosos brasileiros são alvo do FBI por fraude em contas da Uber
Criminosos brasileiros são alvo do FBI por fraude em contas da Uber
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A verificação de identidades e antecedentes de parceiros de plataformas como Uber e Lyft impede que alguns indivíduos atuem nesses serviços. Isso criou um mercado de venda documentos falsificados. E uma quadrilha de brasileiros acaba de ser presa nos EUA pela operação.

Flávio Cândido da Silva, um dos suspeitos, diz ter recebido cerca de US$ 200 mil entre junho de 2019 e dezembro de 2020 por perfis falsos vendidos para motoristas que não seriam aceitos pelas plataformas com suas próprias identidades. Uma investigação do Federal Bureau of Investigations (FBI) aponta o envolvimento de Silva e outros 18 brasileiros. Três suspeitos continuam foragidos.

Os integrantes da “Máfia” — nome do grupo de WhatsApp em que eles se comunicavam — criaram contas com dados roubados em plataformas como Uber, Lyft, DoorDash (um app de delivery popular nos EUA) e outros. No WhatsApp, eles combinavam os preços a serem cobrados pelas contas falsas — para que não houvesse diferenças.

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As autoridades apontam que a quadrilha opera desde janeiro de 2020. Inicialmente, eles falsificavam identidades apenas para Uber e Lyft, mas, com a chegada da pandemia, passaram a fazer o mesmo para apps de delivery — o impacto negativo do surto de covid-19 no setor de transporte por aplicativo teve efeito contrário nas plataformas de entrega.

Segundo a investigação, os criminosos fraudaram pelo menos 2 mil identidades. Os métodos para obtenção de dados eram variados. Além de informações coletadas na dark web, pediam para tirar fotos de documentos das vítimas quando faziam entregas de bebidas — com o pretexto de verificar a idade. Além disso, causavam acidentes de trânsito propositais para obter fotos da carteira de motorista e número de seguro social da vítima.

Com essas informações, forjavam carteiras de motorista para indivíduos que não seriam aceitos pelos aplicativos ou não atendiam aos requisitos para trabalhar nos EUA. As imagens das vítimas eram editadas no Photoshop para enganar a verificação visual usada por Uber e Lyft para reconhecer o dono da conta. Eles criaram, ainda, formulários de renda falsos para convencer o governo dos EUA.

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A comissão das plataformas ia diretamente para a conta bancária dos golpistas. Priscila Barbosa, uma das suspeitas de integrar o esquema, enviou ao grupo “Máfia” uma imagem que mostra o valor obtido em sua conta do Bank of America com o golpe: US$ 194.800 vindos de 487 contas falsificadas. O montante era depositado pelas próprias empresas.

Spoofing de GPS

A quadrilha usava spoofing de GPS para enganar o sistema de taxas dos aplicativos de delivery: isso fazia a entrega parecer muito próxima e aumentava a taxa do pedido. Para Uber e Lyft, a estratégia aumentava o trajeto das viagens e, consequentemente, seu custo.

O FBI foi acionado porque o grupo atuava em diferentes Estados americanos: Massachusetts, Califórnia Flórida. O crime — de conspiração para cometer fraude — pode levar a 20 anos de prisão, três anos de liberdade sob custódia e pagamento de multa de até US$ 500 mil. O roubo de identidade é classificado como agravante que leva a dois anos de reclusão, independentemente da sentença. Silva será julgado pela Corte Federal do Distrito de Massachusetts em abril de 2022.

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O FBI não agiu sozinho: as plataformas ajudaram no processo. Em um e-mail ao site The Record, a Uber confirmou que sua equipe global de investigações identificou o esquema de fraude em 2020 e acionou a Justiça. Esse departamento da empresa é liderado por Vince Lisi, um ex-agente especial do FBI.

Os profissionais da Uber rastrearam as atividades da quadrilha em tempo real e repassaram informações para a investigação. Com isso, foi possível identificar elementos da rede criminosa espalhados pelos EUA.

A Lyft, por sua vez, montou uma equipe especial para colaborar com a investigação. A companhia diz que a segurança da plataforma é a maior prioridade e que um dos recursos usados para prevenir fraudes é a exigência de uma foto da licença e uma do rosto em tempo real. “A empresa tem um número de recursos para prevenir e detectar essa categoria de comportamento fraudulento, e nós estamos continuamente trabalhando para melhorar esses sistemas de verificação.”