Sindicato dos taxistas fala em morte caso Uber não seja regulamentado
Por Felipe Demartini | 19 de Junho de 2015 às 12h52
A guerra entre os taxistas convencionais e o Uber no Brasil parece estar prestes a ganhar um caráter ainda mais pesado. Nesta quinta-feira (18), após um debate sobre o tema realizado pela Câmara dos Deputados, representantes de sindicatos de motoristas chegaram a falar que “vai ter morte” caso o governo não trabalhe na regulamentação do serviço online.
A fala foi de Antônio Raimundo Matias dos Santos, conhecido como Ceará. O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de São Paulo foi uma das vozes mais altas durante a sessão, marcada por bate-boca, gritos e muitas vaias. Segundo ele, está cada vez mais difícil conter a categoria, que exige mudanças urgentes para proteção do próprio mercado.
Outro representante de uniões de motoristas, Natalício Bezerra, do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, reforçou a fala do colega, afirmando que se a lei não atuar em relação ao Uber, pode sim ocorrer uma desgraça. Os trabalhadores do setor chamam os serviços do Uber de clandestinos.
Não é a primeira vez que taxistas e representantes de sindicatos protestam contra a plataforma, que no Brasil, está disponível em quatro cidades – São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. A reclamação é de que o Uber opera um serviço de transportes não regulamentado, sem fiscalização e, principalmente, não estando sujeito a taxas e regulamentações obrigatórias para os motoristas de praça.
Na Câmara, boa parte dos deputados presentes na sessão se mostrou favorável às reclamações das uniões, e também engrossaram o coro que pede uma maior regulamentação. O presidente do Uber no Brasil, Daniel Mangabeira, também esteve presente no debate e discordou, afirmando que a tecnologia fornece apenas uma forma de contato entre motoristas e usuários, sem prestar ele mesmo qualquer tipo de serviço de transporte.
Com as declarações de Ceará, porém, começaram a se multiplicar nas redes sociais os relatos de perseguições feitas pelos taxistas até mesmo a usuários do Uber. Um caso famoso desse tipo, por exemplo, aconteceu em fevereiro quando cerca de cem motoristas protestaram contra a plataforma em frente ao casamento do cantor Thiaguinho com a atriz Fernanda Souza. A ideia era impedir que os carros de convidados, todos contratados por meio da tecnologia, desembarcassem os passageiros na porta da igreja e também na festa, ambas na capital paulista.
O debate, porém, terminou sem conclusões claras. Taxistas continuam pedindo o fim das operações do Uber no país – algo que, inclusive, foi decretado momentaneamente no final de abril, por meio de uma liminar derrubada dias depois – enquanto a empresa argumenta, afirmando que toda tecnologia que modifica o cotidiano das pessoas acaba sofrendo esse tipo de controvérsia.
Fonte: Folha de S.Paulo