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Por que tantas empresas dependem da nuvem? Veja como isso afeta os apps e sites

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Marcelo Salvatico/Canaltech
Marcelo Salvatico/Canaltech

A queda de vários serviços devido à pane geral da Amazon Web Services (AWS) abre um questionamento: por que muitas empresas utilizam plataformas de computação em nuvem? Além de reduzir custos, essa prática garante escalabilidade para negócios, especialmente quando é preciso atender usuários de vários países.

O modelo, por outro lado, não é imune a problemas. Especialmente quando há falhas nos fornecedores que podem causar lentidões em apps ou até mesmo derrubar ferramentas digitais inteiras.

Afinal, por que muitos dependem da nuvem?

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A computação em nuvem, em linhas geral, é uma prática que oferece recursos de computação sob demanda através da Internet.

Ou seja, para manter uma rede social no ar, por exemplo, não é preciso montar toda uma infraestrutura própria, do zero. No lugar, empresas como a Amazon, Google e Microsoft, oferecem serviços que atendem essas necessidades com custo reduzido, agilidade e escalabilidade graças a servidores espalhados pelo mundo.

Esses fatores também podem trazer uma certa dependência para as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes.

Ao Canaltech, COO da PM3, Raphael Farinazzo, destaca que essa dependência muitas vezes surge no nascimento da empresa. “A grande maioria dos negócios não existiria sem a nuvem, ou não conseguiria escalar para atender usuários no mundo inteiro”, destaca.

Para ele, o custo de infraestrutura própria seria “inviável para esses negócios”, o que explica a concentração de tantas aplicações nos serviços de nuvem.

O CEO da BTB Soluções, Bruno Gomes, também observa que existe uma “dependência crítica”, ainda que seja uma “dependência estratégica” pois essas plataformas oferecem agilidade e escala em um nível que as empresas simplesmente não conseguem replicar em datacenters próprios.

“Essa migração em massa resultou em uma concentração de risco sistêmico. Quando um gigante como a AWS tem um problema, a interdependência do mercado garante que o impacto seja sentido por todos”, explica.

Já o diretor de tecnologia e inovação da Teltec Data, Cesar Schmitzhaus, observa que não há uma dependência. Para ele, com o surgimento da nuvem, uma microempresa pode utilizar a mesma tecnologia de uma multinacional pagando apenas pelo uso, o que realmente consome.

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“Sem a nuvem não teríamos grande parte dos sistemas que hoje fazem parte do nosso dia a dia. Então, não digo que existe uma dependência de fato, mas sim uma oportunidade de criarmos novos negócios a partir da nuvem”, explica. "Porém, tudo depende de como a utilizamos." 

Contingência

Apesar das grandes vantagens, esses sistemas não são completamente imunes a problemas. “Nenhuma nuvem e nenhuma infraestrutura (datacenter) próprio é a prova de falhas”, observa Schmitzhaus, da Teltec Data.

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Por isso, é importante adotar processos de contingência, a fim de evitar episódios de indisponibilidade e demais incidentes.

O country manager da Check Point Software Brasil, Eduardo Gonçalves, destaca que é importante diversificar para evitar contratempos, incluindo incidentes de segurança.

“Não mantenha tudo em uma única nuvem. Teste seus mecanismos de contingência, treine suas equipes e planeje o tempo de inatividade antes que ele aconteça. Quando as empresas correm para restaurar o acesso, sistemas e equipes ficam sobrecarregados — e é nesse momento que os atacantes invadem”, pontua.

Para o vice-presidente de Cloud da Fortinet para América Latina e Canadá, Rafael Venancio, idealmente, as empresas deveriam replicar os aplicativos em diferentes locais para terem redundância em caso de interrupção do serviço por alguma razão, como desastres naturais ou ataque cibernético.

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“Mas isso ainda é muito difícil e estamos vendo na prática, hoje, que muitas empresas ainda não possuem essa redundância de forma eficiente e necessária”, considera.

O COO da PM3 destaca mais dois caminhos. Um deles é ter uma ter uma arquitetura distribuída entre diferentes daacenters. Porém, ele ressalta que isso deve ser analisado pelo time de tecnologia, pois tornar a aplicação um pouco mais cara ou mais lenta.

Outro caminho é trabalhar com redundância, com uma aplicação completa replicada em dois centros de dados. Assim, se um falha, o outro garante a entrega.

“Também é algo que pode encarecer, mas é uma avaliação de risco. O que é mais caro: manter essas contingências ou ficar horas sem operar? Para muitas empresas, a resposta não é tão óbvia”, comenta.

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Farinazzo também observa que empresas grandes conseguem ter estrutura de custos que permitem contingência nesses casos, mas as pequenas geralmente se apoiam em uma única opção de nuvem, pagamento ou autenticação. “Se esse é o caso, o impacto é a operação parar completamente”, concluiu.

O que aconteceu com a AWS?

A AWS enfrenta uma grande instabilidade desde a madrugada desta segunda-feira (20). O incidente vem de uma falha em datacenters localizados na Costa Leste dos Estados Unidos, que causou um “efeito dominó”. A interrupção não foi totalmente solucionada até o momento da publicação.

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Como consequência, além da indisponibilidade da Alexa e outras ferramentas da Amazon, empresas como iFood, Mercado Livre, PicPay, entre outras, foram impactadas.

“O impacto é global porque o Hub da Virginia (EUA) é um dos principais da AWS, então possui clientes de todas as regiões do mundo conectados ali e, consequentemente, são milhões de clientes impactados”, explicou Venancio, da Fortinet.

Gomes, da BTB Soluções, ressalta ainda que a internet está centralizada e vê a AWS como a “espinha dorsal de um terço de toda a web”.

“Quando uma falha crítica atinge uma região fundamental da Amazon, o impacto é inevitável. É o preço que se paga pela conveniência, pela economia de escala e por concentrar o risco em poucos grandes players. Quando cai o pilar principal, a cascata de falhas é global”, afirma.

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Mesmo assim, nem todos os sistemas ficaram totalmente indisponíveis ao longo do dia. Farinazzo explica que a instabilidade geralmente acontece porque a plataforma usa uma alternativa aos servidores do Leste americano, que foram os afetados.

“Muitas vezes, a aplicação vai ficar apenas mais lenta, porque está usando uma alternativa de servidor mais longe ou porque esse mesmo servidor está tendo que processar um volume maior de requisições dos usuários”, pontua.

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