Nvidia tem balanço de US$ 900 bi em 36h; humanos e IA divergem em análises
Por Marcelo Fischer Salvatico |
A Nvidia protagonizou um dos capítulos de maior volatilidade da história recente do mercado financeiro. Em um intervalo de 36 horas, o valor de mercado da empresa oscilou em US$ 900 bilhões – ganhando US$ 450 bilhões a partir da madrugada de quarta-feira (19) e os perdendo até a tarde de quinta (20).
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O movimento brusco ocorreu logo após a companhia divulgar o balanço financeiro que superou as expectativas, com receita de US$ 57 bilhões, 62% a mais em comparação com o ano anterior.
Nesta sexta-feira (21), o valor da empresa recuou e está na casa dos US$ 4,39 trilhões, com queda de 3,15% no fechamento de quinta-feira.
Humanos veem "obra-prima", robôs veem risco
A reação negativa do mercado criou um paradoxo entre a análise humana dos resultados da Nvidia e a análise de ferramentas automatizadas, os "robôs".
Para Dan Ives, analista da Wedbush, o trimestre foi uma “obra-prima” e a queda das ações é uma “oportunidade de ouro” de compra, rejeitando teses de uma bolha da inteligência artificial (IA).
Mas, em poucos segundos, algoritmos de negociação de alta frequência fizeram uma análise do relatório completo da Nvidia, e iniciaram uma venda massiva de ações.
De acordo com o analista Shanaka Perera, esses sistemas identificaram anomalias que passaram despercebidas na leitura inicial de humanos, ou, simplesmente foram mais rápidas para identificá-las. São elas:
- Atraso nos recebimentos: o prazo médio para Nvidia receber pagamentos subiu para 53,3 dias, indicando que seus clientes podem estar com dificuldades de caixa;
- Estoque em alta: o inventário cresceu 32% em um trimestre onde a empresa alegava escassez de oferta, uma contradição econômica clássica.
Cenário macro
Outra ala do mercado atribui a queda a fatores mais tradicionais. Ross Gerber, da Gerber Kawasaki, aponta que a correção não necessariamente é algo específico da Nvidia, mas reflexo de um cenário macroeconômico pressionado e de ceticismo sobre as taxas de juros nos EUA.
Além disso, é possível que investidores institucionais estejam praticando o “cashing out” – sacando o dinheiro antes do final do ano para fecharem no azul.
"Ninguém se importa com o longo prazo, todos estão focados nos ciclos curtos e em garantir seus bônus", afirmou Ozan Ozkural, da Tanto Capital Partners, à CNBC.
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