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Diretor do Technion revela como Israel virou potência em inovação

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Erick Teixeira
Erick Teixeira

O diretor do Technion, Instituto de Tecnologia de Israel, Reda Mansour, esteve em São Paulo nesta semana para um encontro organizado pela StandWithUs Brasil. A reunião, conduzida por André Lajst, presidente-executivo da entidade, abordou a necessidade de ampliar a parceria científica entre Brasil e Israel.

Durante a reunião com lideranças e empresários, o ex-embaixador detalhou como a universidade se tornou o pilar central da "Startup Nation" e propôs o aumento do envio de estudantes de doutorado brasileiros a Haifa como a via mais eficiente para acelerar o desenvolvimento tecnológico e a inovação no Brasil.

Mansour explicou que o Technion, fundado em 1924 com uma visão inspirada por Albert Einstein, opera hoje não apenas como centro de ensino, mas como um motor econômico. A instituição foca em transformar rapidamente a ciência teórica em aplicações industriais, especialmente em áreas críticas como Inteligência Artificial (IA), saúde e Deep Tech.

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Durante uma entrevista para o Podcast Canaltech, ele detalhou a metodologia que coloca o Technion entre as principais universidades do mundo na formação de empreendedores, Mansour foi direto: o segredo não é apenas infraestrutura, mas cultura.

"A parte mais importante da inovação em Israel é a cultura de perguntar 'por que' e o desejo constante de melhorar o modo como as coisas são feitas," afirmou.

Segundo o diretor, essa curiosidade é o veículo crucial para a vida moderna. Diferente de modelos acadêmicos tradicionais, o Technion incentiva os alunos a desafiarem o status quo, mantendo um canal aberto e constante com o setor privado para garantir que as descobertas do laboratório cheguem ao mercado.

Mansour destacou a interdisciplinaridade como a chave para as inovações atuais, citando a convergência entre engenharia e medicina. Ele relatou avanços práticos realizados em parceria com o hospital Rambam, em Haifa, como a manipulação de células via nanotecnologia e a impressão 3D de tecidos humanos em tempo real durante cirurgias.

"A prioridade é melhorar o ciclo de vida humano por meio da ciência e da medicina", disse Mansour, ressaltando que a Inteligência Artificial está revolucionando a maneira como esse trabalho científico é conduzido e ensinado.

O diretor também abordou o papel social da universidade em uma região complexa. Ele apresentou dados que contrariam a visão comum de conflito: 23% dos estudantes do Technion são árabes, e metade desse contingente é composto por mulheres.

Mansour enfatizou que a educação tecnológica de ponta funciona como um equalizador social, permitindo que jovens de minorias acessem salários globais em empresas como Microsoft e Intel, superando barreiras políticas e religiosas através da ciência.

Futuro da parceria 

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O foco central da visita foi a aplicação prática dessa expertise no cenário brasileiro. Mansour, que já atuou como embaixador no Brasil, sugeriu que a cooperação não deve se limitar a acordos governamentais abstratos, mas focar no capital humano.

"O caminho mais rápido para conectar os sistemas seria continuar e expandir o envio anual de cerca de 30 estudantes de doutorado brasileiros para o Technion," propôs. Ele argumentou que a ciência moderna é inerentemente colaborativa e que a criação de grupos de pesquisa mistos é vital para que o Brasil avance em Deep Tech.

Finalizando com uma visão humanista, Mansour, que também é poeta, concluiu que a tecnologia, por mais avançada que seja, serve a um propósito humano. "A ciência, em seu nível mais alto, alcança o patamar da poesia, pois ambas trabalham para simular e melhorar a vida humana", disse.

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