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Blockchain além da Bitcoin: 8 aplicações inovadoras

Por| 20 de Fevereiro de 2018 às 18h35

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O escritor Don Tapscott abraçou a Blockchain e tem sido um dos maiores evangelistas da tecnologia mundo afora. Ele é autor de mais de 15 livros sobre tendências em negócios digitais que incluem A Revolução Blockchain, que detalha como a tecnologia por trás do Bitcoin está transformando o dinheiro, os negócios e o mundo. Em uma recente palestra na Campus Party, em São Paulo, ele revelou as oito aplicações mais inovadoras do Blockchain que vão além da Bitcoin. Confira abaixo:

1 - Economias realmente compartilhadas

Segundo Tapscott essa é a oportunidade de criar uma economia compartilhada real. Empresas como Uber ou AirBNB são identificadas como parte de uma economia compartilhada, mas elas são um sucesso justamente porque não dividem nada. Essas companhias são agregadoras de serviços. Mas e se o Uber ou AirBNB fossem uma aplicação distribuída em uma Blockchain? O AirBNB poderia se chamar BAirBNB, ou, BlockchainAirBNB. Nele, você acharia um lugar para passar uns dias, usando apenas uma base de dados baseada em Blockchain, sem intermediários. Automaticamente você cria um Smart Contract com o locador, aparece no local, abre a porta, e um pagamento parcial é registrado no contrato. Então, na saída, você fecha a porta e o pagamento completo é feito e também registrado. Você faz sua avaliação do local por meio de estrelas e tudo é imutável, pois está registrado dentro de uma Blockchain. Não há necessidade de uma empresa como a AirBNB para intermediar, pois tudo pode ser feito pelas próprias partes interessadas.

2 - Direitos autorais garantidos

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Existem muitas pessoas na economia que criam valor, mas não são compensadas por isso. A indústria da música é um grande exemplo. A internet de informação quebrou os regimes de propriedade intelectual, porque não existia uma internet de valor para proteger esse bem. Todo mundo já compartilhou ilegalmente arquivos MP3 e isso tornou a vida dos criadores de conteúdos muito difícil. Um músico que escreveu uma canção há 3 ou 4 anos atrás nos Estados Unidos e atingiu 1 milhão de cópias do single, ganhou cerca US$ 46. Hoje um músico que escreve uma canção que vende 1 milhão de cópias em streaming, ganha US$ 35. Mas e se tivermos a indústria da música baseada em Blockchain?

A cantora britânica Imogen Heap está criando uma plataforma baseada em Blockchain chamada de Mycelia. Esta rede Blockchain permite que o artista coloque sua música dentro de um Smart Contract e o próprio contrato gerencia o seu uso. Para escutá-la, você paga X, para colocá-la em um filme paga outro valor, para usá-la como ringtone, outro valor. Desta forma, a música se torna um negócio e protege os direitos do artista, coletando royalties. Isso não está restrito a músicos, mas cientistas, jornalistas, escritores e artistas de diversas áreas.

3 - Re-intermediadores

Agora existe uma oportunidade de “re-intermediar” algum serviço de uma maneira diferente. Hoje o maior fluxo de fundos entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento são as remessas. A diáspora global, ou seja, a dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica, gera a necessidade de envio de remessas de dinheiro o tempo todo. As pessoas que abandonaram seus países de origem precisam mandar dinheiro de volta para casa. Tratam-se de operações de trilhões de dólares. Nas Filipinas, por exemplo, 15% da economia é baseada em remessas. Tapscott conta uma história real para ilustrar a ideia.

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Ele conheceu uma filipina no Canadá que há 20 anos faz a mesma operação. Ela recebe o salário, vai até um banco descontar o cheque, então segue até a uma agência da Western Union especializada em remessas para as Filipinas. Ela manda US$ 500 para sua mãe todos os meses. Essa transação demora de 4 a 7 dias para chegar e custa 10% do montante. Mas, com o surgimento da Blockchain, hoje ela pode usar serviços como o PayCase. Ela manda os US$ 500 do celular dela para o celular da mãe dela, sem a Western Union no meio. Não demora 7 dias, porque chega instantaneamente. Assim que o dinheiro é enviado, sua mãe escolhe pelo próprio app da PayCase que o entregador mais próximo leve seu dinheiro. Em poucos minutos uma pessoa aparece na porta da sua casa com o montante já na moeda local. Tudo isso custa para ela 1.5% do valor total. Ou seja, empresas como a PayCase são re-intermediadores, enquanto a Western Union está sendo dispensada como intermediadora.

4 - Uma nova Supply Chain

Supply Chain é um mercado de US$ 64 trilhões ao redor do mundo que, com o tempo, pode ser realocado para Blockchain. O Supply Chain nada mais é que diferentes pessoas fazendo transações e confiando umas nas outras. Agora imaginem se eles pudesse ver uma rede compartilhada com as transações um dos outros. É o que a Sweetbridge está tentando fazer. A ideia é que empresas que não tenham dinheiro para pagar seu fornecedor, possa pagá-lo monetizando sua própria rede de fornecedores.

Já o Walmart usa a Blockchain para a segurança das comidas, rastreando a cadeia de fornecedores caso tenha um problema. Com isso é possível saber em qual jardim o tomate cresceu ou quem são os pais da vaca que forneceu este ou aquele leite estragado. Outro problema de cadeia de suprimentos que pode ser resolvido é dos Diamantes de Sangue, aquelas pedras preciosas que são usadas para financiar as guerras na África. Com a Blockchain é possível rastrear a procedência de todas as pedras e saber se a que você comprou já financiou algum ato violento.

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5 - Dispositivos mais inteligentes

Os bilhões de objetos que estão se tornando inteligentes com a Internet das Coisas vão precisar registrar suas informações. Uma lâmpada que compra energia de uma empresa distribuidora, por exemplo, poderá fazer negócios sozinha se tiver sua identidade registrada em uma Blockchain. Um exemplo é a Brooklin MicroGrid, uma distribuidora de energia feita por pessoas e baseada em Blockchain. Essa rede de pessoas possuem painéis solares em suas casas e um vende energia para o outro por meio da Blockchain, sem precisar de intermediadores, pois os dispositivos são registrados na cadeia de blocos.

6 - Serviços financeiros mais simples

Hoje os serviços financeiros são muito complicados. Você passa seu cartão numa loja e uma série de mensagens é enviada para diversas empresas diferentes, cada uma com seu próprio sistema computacional, e dias depois a mensagem volta com a liquidação da conta. Mas se isso fosse baseado em Blockchain, não precisaria de todo esse tempo e burocracia. Seria apenas uma mudança simples no registro, sem necessidade de partes/empresas para avaliar o risco da transação, sem custo para cada ação e sem demora no processo.

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7 - Identidades virtuais

Os dados são os ativos da nova era, assim como a terra foi na economia agrária ou petróleo na economia industrial. O problema é que nós produzimos os dados, mas empresas como o Facebook são os reais donos dessas informações. Nós temos acesso apenas a uma pequena parte destes dados e não podemos usá-los a nosso favor.

Com a Blockchain podemos criar identidades dentro da cadeia, como avatares virtuais que guardem todas nossas informações da vida digital. A identidade em Blockchain poderia registrar absolutamente todos os dados, desde suas transações financeiras até informações de saúde ou educação. Seria privado, seguro e você seria o real dono de suas informações, podendo usá-las da forma que desejar.

8 - Setor público mais democrático e seguro

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Blockchain pode transformar a democracia e os governos, que seriam menos corruptos e teriam custos bem mais baixos. Com a Blockchain, os governos podem se tornar plataformas. Dubai quer ser o primeiro governo a rodar inteiramente em Blockchain e o governo da Estônia mudou a identidade das pessoas para uma Blockchain. Hoje algumas empresas, como a CarbonX tem usado Blockchain para prover serviços melhores para a sociedade, algo que deveria ser feito pelos governos.

A ideia da CarbonX é simples, se uma empresa pode se beneficiar financeiramente por diminuir sua emissão de gases no meio ambiente, uma pessoa também pode. Com um token, a CarbonX coleta seus créditos de carbono e eventualmente você pode trocar ou vender esses créditos como se fossem uma moeda digital. A votação também pode, finalmente, ser feita online se baseada em Blockchain, pois somente essa tecnologia pode garantir de fato a segurança de um voto já que o registro é imutável. Isso, aliás, acabaria com grandes problemas de votações ao redor do mundo, como nos Estados Unidos em que o voto não é obrigatório e leva cada vez menos pessoas às urnas.