Temperatura elevada do oceano "turbinou" furacão Beryl
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Por trás do furacão Beryl e de todo o rastro de destruição provocado, está o aumento das temperaturas médias do oceano, segundo especialistas. Sem a influência direta das mudanças climáticas, o fenômeno teria menor impacto, como é comum observar nos furacões nesta época do ano.
“As águas quentes estão concentradas na superfície e se estendem por centenas de metros abaixo”, explica Brian McNoldy, cientista da Universidade de Miami, para o jornal The Guardian. “Essas águas quentes agem como combustível de jato para furacões”, acrescenta. Isso porque fornecem mais energia e tornam as tempestades mais violentas.
Turbinado pela elevação das temperaturas oceânicas, o furacão Beryl alcançou a categoria 5, que é a mais poderosa (e perigosa). No estado do Texas (EUA), cortou o fornecimento de energia de 2 milhões de pessoas. Em sua passagem pelas ilhas do Caribe, causou a morte de mais de 10 pessoas, quando registrou ventos de até 265 km/h.
Até então, nenhum furacão no Atlântico tinha alcançado essa categoria tão cedo na temporada de furacões, que vai até novembro. Conforme prevê a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), até sete furacões de grandes proporções poderão ser esperados nos próximos meses.
Furacão Beryl de categoria 5
Para o cientista McNoldy, são as temperaturas oceânicas "absolutamente loucas" que alimentam as tempestades severas e, consequentemente, os furacões. Por exemplo, no mês passado, as temperaturas do Atlântico estavam 5 °C acima do normal.
“É simplesmente extraordinário ver temperaturas do mar tão quentes”, reforça o especialista. “Com um oceano influenciado pela mudança climática, estamos tornando tempestades extremas como essa mais prováveis de acontecer”, acrescenta.
Aumento das temperaturas do oceano
Vale lembrar que o aquecimento do oceano não é algo isolado, concentrado no Atlântico. Segundo relatório anual do observatório europeu Copernicus, 2023 foi o ano mais quente já registrado, com temperaturas globais próximas do limite de 1,5 °C.
"As temperaturas médias globais da superfície do mar permaneceram persistentemente e invulgarmente elevadas, atingindo níveis recordes para os meses entre abril e dezembro”, detalha o relatório.
Com essas mudanças, a intensidade de eventos climáticos extremos deve se tornar mais grave em todo o globo, o que envolve os furacões e também as inundações. Neste ano, o Sul do Brasil enfrentou uma grande tragédia impulsionada pelas mudanças climáticas.
Fonte: The Guardian, Copernicus