Sazonalidade no movimento do gelo da Antártida é detectada pela 1ª vez
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
O movimento do gelo da Antártida não é novidade para os cientistas. Porém, variações desse movimento ao longo do ano nunca haviam sido observadas, diferentemente do que acontece nas geleiras do Ártico. Agora, essa detecção foi possível graças às imagens de radar geradas pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia (ESA).
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É comum que o fluxo de gelo no norte do globo se acelere no verão, mas se assumia que essa mudança não acontecia no hemisfério Sul. Isso porque as temperaturas antárticas se mantêm abaixo de zero quase que por todo o ano. Dados de satélite revelaram uma aceleração de cerca de 15% em direção à plataforma de gelo George VI durante o verão.
Diferenças entre satélites para monitoramento da Antártida
Outro motivo para se imaginar que não havia variação nesse movimento era uma questão técnica. O monitoramento do gelo na Antártida era feito principalmente através dos satélites Landsat da NASA, que captam dados de luz visível, infravermelho e ultravioleta. Essa captação é muito sensível à influência de nuvens e a falta de luz em regiões sujeitas a longos períodos de escuridão.
Sensores de satélites como esse são chamados de passivos, pois recebem apenas a radiação solar refletida pela Terra. Enquanto isso, satélites com sensores ativos enviam por conta própria um sinal até a superfície terrestre. Esse sinal atravessa nuvens e não depende da luz solar, sendo muito útil para monitoramentos em situações adversas.
Este é o funcionamento do satélite Sentinel-1, que gera suas imagens através de radar. Mark Drinkwater, um dos diretores da ESA, comenta que “o monitoramento sistemático durante todo o ano com os satélites Sentinel revolucionaram nosso entendimento da variabilidade do manto de gelo antártico como nunca antes.”
O que as descobertas significam?
Nas últimas décadas, o gelo da Antártida já sofreu duras consequências do aquecimento global. O que as novas evidências mostram é que há mais fatores contribuindo para as perdas de gelo e para o aumento do nível dos oceanos.
As causas da movimentação sazonal do gelo ainda não estão claras, mas a descoberta já implica na possibilidade do fenômeno ocorrer em outras partes do continente antártico.
Fonte: ESA