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Reduzir consumo de carne é como tirar 8 milhões de carros das ruas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Julho de 2023 às 10h59

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fxquadro/envato
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Cada escolha de alimento tem um impacto na nossa saúde e no meio-ambiente. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, investigaram especificamente como a produção de carne impacta o planeta e gera gases que contribuem com o efeito estufa. Para dimensionar a questão, se a maior parte da população britânica reduzisse o consumo de carnes, isso equivaleria a tirar 8 milhões de carros das estradas.

É o que revela um dos primeiros estudos a quantificar o impacto e a pegada ambiental de diferentes tipos de dietas no planeta, como pessoas que comem bastante ou pouca carne e indivíduos que consomem apenas peixes (pescetariano), além de vegetarianos e veganos.

Embora seja presumível pensar que comer apenas folhas e vegetais tenha um menor impacto no ambiente, esta quantificação das emissões de dióxido de carbono não tinha sido feita até então, como foi apresentado no estudo da revista Nature Food.

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“O estudo fornece uma base de evidências bastante sólida para apoiar outros achados existentes, que mostram que as dietas à base de carne têm um impacto ambiental significativamente maior do que as dietas sem carne, como dietas vegetarianas e veganas", pontua Neil Ward, professor da University of East Anglia, para o Science Media Centre (SMC). Ward não participou da pesquisa.

É preciso parar de comer carne?

“Nossos resultados mostram que, se todos no Reino Unido que comem muita carne [mais de 100 g por dia], reduzissem a quantidade de carne, isso faria uma grande diferença" em termos ambientais, explica Peter Scarborough, professor de Oxford, para a BBC.

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No entanto, Scarborough, que é um dos autores do estudo, não acredita que todos precisem ser vegetarianos ou veganos para o bem do planeta. "Você não precisa erradicar completamente a carne de sua dieta", comenta. A questão é reduzir a quantidade desse tipo de proteína na alimentação diária.

Carne vermelha e o câncer

A pesquisa não considerou o impacto do consumo excessivo de carnes na saúde, mas ele também existe. É um fato que carnes vermelhas são um boa fonte de proteínas, ferro, zinco e vitamina B12. Só que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), "quando consumidas em excesso, podem facilitar o desenvolvimento de câncer no intestino (cólon e reto), uma vez que possuem grandes quantidades de ferro heme". Altas concentrações deste tipo de ferro têm efeito tóxico no organismo. No Brasil, os números da doença estão crescendo.

Qual é o impacto da produção de carne?

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Segundo o estudo, comer carne em excesso é o tipo de alimentação que mais gera a emissão de gases do efeito estufa, como o gás carbônico. A seguir, veja o quanto de dióxido de carbono cada tipo de dieta produz, considerando os valores de consumo de um adulto com uma dieta de 2 mil calorias por dia:

  • Alto consumo de carne (100 g ou mais por dia): 10,2 kg de dióxido de carbono;
  • Consumo moderado de carne (menos de 50 g por dia): 5,37 kg;
  • Consumo de peixe: 4,74 kg
  • Vegetariano: 4,16 kg;
  • Vegano: 2,47 kg.

Para chegar a estas conclusões, o estudo analisou dietas de 55 mil britânicos. Em paralelo, foram usados dados de 38 mil fazendas, destinadas para a criação de animais ou plantio. Estas terras produtoras estão localizadas em 119 países.

Resposta do mercado aos dados

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Hoje, as conclusões não são consenso dentro do mercado agropecuário. ''Uma das frustrações com um estudo como este é que ele olha apenas para as emissões da produção pecuária. Não leva em conta que o carbono é absorvido pelas pastagens, árvores e cercas vivas [nas fazendas]”, afirma Nick Allen, CEO da British Meat Processors Association.

“Se eles levassem essas quantias em consideração, você provavelmente teria uma imagem diferente'', completa Allen. Neste ponto, o pesquisador Scarborough responde que a absorção de dióxido de carbono pelas pastagens tem apenas um ''impacto modesto', o que não afeta as conclusões'.

De forma paralela, inúmeras pesquisas buscam novas formas de reduzir o impacto dos gases gerados pela criação de ruminantes, como bois. Entre elas, está uma ideia bastante inovadora que consiste em usar algas para evitar a emissão de gases no processo de decomposição das fezes dos animais. Em outra frente, está a carne cultivada em laboratório.

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Fonte: Nature Food, SMCBBC e INCA