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Plantas também passam pela "puberdade"

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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ArthurHidden/Freepik
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Cientistas estão estudando as plantas para revelar mais sobre sua puberdade — que, ao contrário da nossa, não envolve rebeldia e espinhas. Chamada de transição vegetativa a reprodutiva, essa fase dura apenas alguns dias, quando as plantas diminuem o ritmo de crescimento das folhas para focar no desenvolvimento de órgãos reprodutivos. 

Em um estudo de agosto publicado na revista científica The Plant Cell, elaborado por especialistas da Universidade de York, foram identificadas mudanças genéticas responsáveis por causar essa “puberdade” em taxas diferentes, pois, assim, como nós, cada planta tem sua própria “adolescência”.

A puberdade das plantas

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No processo de transição das plantas, os nutrientes das folhas são redirecionados para os órgãos reprodutivos, indo, por fim, parar nos frutos e grãos de cada planta. Para os animais que as comem, um desenvolvimento no tempo certo quer dizer que a planta se tornará um alimento mais nutritivo.

Por isso, fazendeiros têm tentado cruzar espécies para que o plantio gere uma puberdade o mais uniforme possível, o que é difícil. Cada planta se desenvolve em um período próprio, assim como nos adolescentes humanos. Para descobrir mais, os cientistas estudaram a Arabidopsis thaliana, um tipo de mostarda selvagem parente do brócolis e do repolho.

A escolha se deu pela planta ter sido criada endogamicamente por gerações, criando um fundo genético quase idêntico em suas sementes. Várias delas foram plantadas em um solo cuja temperatura, umidade e luz eram o mais semelhante possível. Mesmo assim, sua puberdade ocorreu em dias diferentes — mesmo que sua idade cronológica fosse a mesma.

Quando cerca de metade já havia passado pela transição, a atividade genética foi medida através de sequenciamento de RNA e estudos por algoritmos. Isso mostrou as mudanças genéticas relacionadas ao tempo de transição dessa espécie de planta, o que pode revelar os aspectos responsáveis pelo fenômeno biológico.

Ao presenciar as folhas “morrendo” para que os órgãos reprodutivos pudessem crescer, os cientistas notaram que o redirecionamento de nutrientes começa antes do que se imaginava. Para os fazendeiros, isso quer dizer que é preciso prestar atenção nas plantas antes dessa puberdade ocorrer — no futuro, isso pode tornar o cultivo mais uniforme, e as refeições, mais nutritivas.

Fonte: The Plant Cell, University of York