O que causou a "chuva preta" que assustou moradores no RS
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Em algumas cidades do Rio Grande do Sul, moradores se surpreenderam com o fenômeno conhecido popularmente como “chuva preta”. Em Pelotas, Arroio Grande e municípios vizinhos, há registros de que uma água escura e quase preta “caiu” do céu na última segunda-feira (9). A situação está diretamente ligada com a fumaça das queimadas que se espalha pelo Brasil e por países próximos.
A ocorrência da “chuva preta” tinha sido, anteriormente, prevista pela empresa de meteorologia MetSul. Como há previsão de chuva para os próximos dias, episódios do tipo poderão ser novamente registrados no Rio Grande do Sul.
Outros estados na região Sul, como Paraná, também poderão enfrentar a “chuva preta”, dependendo das condições locais e da quantidade de fuligem em suspensão na atmosfera na hora da precipitação.
A seguir, veja o registro feito por uma moradora do Rio Grande do Sul, que capta a água da chuva para reuso:
O que é "chuva preta"?
Para entender o que é “chuva preta”, é preciso compreender o que ocorre durante uma queimada. Quando há a combustão incompleta de materiais orgânicos, como madeira ou resíduos agrícolas, forma-se um material particulado constituído basicamente por carbono, além do conhecido dióxido de carbono. É a fuligem (ou soot, em inglês).
Essas partículas finas de carbono negro e outros compostos são realmente pequenas, com diâmetros medidos em nanômetros ou mesmo micrômetros. Por isso, conseguem ficar suspensas no ar por longos períodos, enquanto viajam grandes distâncias com as massas de ar.
Se chove em áreas com grande quantidade de fuligem suspensa no ar, a água que vai precipitar deixa de ser incolor (o “padrão”) e ganha esse aspecto escuro, o que causa o fenômeno da “chuva preta”. Outras partículas contaminantes na atmosfera também contribuem para o problema.
Queimadas e incêndios
Em relação ao episódio observado em algumas cidades do Rio Grande do Sul, a "chuva preta" está conectada com a elevada quantidade de fuligem em suspensão na atmosfera, derivada da pluma de fumaça vinda da Bolívia e das queimadas no Brasil que avançam até a região Sul.
A água da “chuva preta” contém poluentes e pode afetar negativamente corpos d’água, solos e vegetação. Também não deve ser usada para o consumo.
Fonte: Com informações: MetSul