NASA estuda origens da vida simulando Terra primitiva em laboratório
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A Terra primitiva em um tubo de ensaio — é desta forma que cientistas do Laboratório de Origens e Habitabilidade estão estudando a química possivelmente responsável pelo surgimento da vida no planeta. Um equipamento especial remove qualquer traço de organismos contemporâneos para criar as condições necessárias para o início da vida na Terra — ou em qualquer outro planeta.
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Simular as condições do ambiente presente na Terra há bilhões de anos não é uma tarefa fácil, mas recriar estas condições em laboratório permite à ciência entender não somente como as primeiras formas de vida surgiram por aqui, mas também promove avanços na Astrobiologia — área que estuda a origem e evolução da vida em todo o universo.
No laboratório da NASA localizado na Califórnia, Estados Unidos, os pesquisadores já recriaram reações químicas presentes no metabolismo celular, forma com que os organismos transformam combustível em energia. A questão é se as primeiras formas de vida usam as mesmas reações químicas de hoje. Além disso, estas reações acontecem hoje dentro das membranas de células, portanto é necessário entender como elas aconteciam lá atrás.
Algo de diferente no ar
Não é só o ambiente que influencia os seres vivos, esta é uma via de mão dupla: a vida transformou as condições químicas do planeta, contribuindo, por exemplo, com a introdução do oxigênio na atmosfera. Remover totalmente este elemento para estudar as condições anteriores à vida é um dos maiores desafios nos experimentos da área.
Todos os testes no laboratório são feitos em uma câmara completamente selada, com sistemas de vedação para se introduzir cada instrumento ou tubo de ensaio com as substâncias usadas na análise. Essas condições limitam os testes executáveis, além de permitir o trabalho de somente uma pessoa por vez: ela utiliza luvas acopladas na câmara para manusear o conteúdo dentro dela.
“Ciência é feita com repetição,” afirma Laurie Barge, uma das líderes do grupo de estudos. Ela explica que os experimentos são feitos uma vez após a outra, com muito tempo dedicado em remover cada traço de oxigênio que pode haver no sistema. A equipe levou meses até demonstrar uma possível reação do metabolismo moderno nas condições da Terra primitiva. O próximo passo é continuar as reações até que seja replicada uma que hoje só acontece dentro das membranas celulares.
Um outro possível local de estudo para tais reações é outro planeta ou lua cujas condições sejam semelhantes às da Terra no surgimento da vida. Jessica Weber, outra cientista envolvida na pesquisa, diz que “seria interessante validar nossos testes laboratoriais com resultados de outro mundo.”
Enquanto um local como esse não é encontrado, a equipe segue trabalhando no espaço de uma caixa.
Fonte: NASA JPL-Caltech, Astrobiology