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Cientistas descobrem forma de vida primitiva na Patagônia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Dezembro de 2023 às 19h01

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Diego Delso/CC-BY-S.A-4.0
Diego Delso/CC-BY-S.A-4.0

Comunidades microbianas que estão entre as primeiras formas de vida do planeta foram encontradas em lagoas anteriormente desconhecidas da Patagônia, tanto vivas quanto fossilizadas. São os estromatólitos, formações microscópicas que, aglomeradas, atingem tamanhos consideráveis. Seus fósseis estão entre as primeiras evidências de seres vivos, com 3,5 bilhões de anos — e os espécimes vistos na Argentina são especialmente parecidos com seus ancestrais.

Várias espécies usam o tipo de formação dos estromatólitos para se aglomerar, com as mais comuns sendo as cianobactérias. Essas formas de vida produzem oxigênio, que era raro na antiga atmosfera da Terra, então os primeiros estromatólitos provavelmente são bem diferentes dos atuais, feitos de bactérias redutoras de sulfato. Ambos os tipos formam pilhas de organismos que fazem fotossíntese, que usam areia e seus próprios líquidos para solidificar e crescer em busca de luz solar.

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Estromatólitos dos dias de hoje chegam a mais de um metro de altura, mas são vulneráveis a predadores e outros organismos que crescem mais do que eles. Por isso, esses seres geralmente só sobrevivem onde outras formas de vida não conseguem, como águas salobras. Os mais famosos são da Baía Shark, na Austrália, que vivem ao lado de seus ancestrais fossilizados, entre os mais antigos do planeta.

Vida primitiva na Patagônia

Puna de Atacama, na Patagônia, está a 4.000 metros acima do nível do mar, e suas lagoas hipersalinas abrigam uma descoberta impressionante — e que havia passado batida por cientistas até hoje. A área remota só pôde ser encontrada com uma viagem de 9 horas de carro em estradas de chão, com os pesquisadores responsáveis tendo de ficar em uma vila de 35 habitantes alimentada apenas por uma nascente de água, já que a chuva é rara demais para garantir o líquido.

Imagens de satélite denunciaram as lagoas a 16 km da vila, visitadas apenas no último dia dos cientistas no local, já que o alvo do estudo eram outras bactérias, usadas na remediação do solo. As 12 lagoas ocupam uma área de 10 hectares (ou 100.000 km²) com águas transparentes, com pouquíssima vida e lama. Foi ao olhar para o fundo que foram revelados estromatólitos vivos maiores do que qualquer pessoa já viu, com 5 metros de largura e dezenas de centímetros de altura (embora existam fósseis maiores).

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Análises químicas do interior revelaram uma composição única, inédita em outros lugares — gesso (CaSO42H2O), na maior parte, o que é comum em fósseis de estromatólitos, mas nunca visto em espécimes vivos. A superfície revelou-se ser composta de cianobactérias, com o centro rosado por conta da abundância de arqueas, microorganismos unicelulares sem núcleo que são candidatos fortes a terem composto os estromatólitos originais.

O local é bastante salino e ácido, com a luz solar quase não sendo filtrada pela atmosfera baixa — bem semelhante à Terra primitiva, segundo os cientistas. O deserto do Atacama já foi visitado por diversos astrobiólogos por ser o local mais próximo da atmosfera antiga de Marte. Estudar os seres que sobrevivem ou que foram fossilizados nesse ambiente nos ajuda a saber o que esperar quando vasculharmos as rochas marcianas em busca de sinais de vida.

Os cientistas, no entanto, consideram a descoberta quase tardia demais, já que o Atacama é cheio de lítio. Antigamente, o material era desprezado, mas é atualmente cobiçado por companhias de mineração por ser ingrediente importante das baterias. A área está prestes a ser perfurada em busca de depósitos do elemento, e isso por si só poderá ser o bastante para destruir o sistema dos estromatólitos, bastante sensível a mudanças.

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Fonte: American Geophysical Union Fall Conference, Mashable