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Mudanças climáticas mexem com o tempo e deixam dias ligeiramente mais longos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Ojosujono96/Freepik
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Além dos eventos extremos, a crise do clima está deixando nossos dias mais longos. Segundo pesquisadores liderados por Benedikt Soja, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, o derretimento do gelo nos polos está alterando o formato do nosso planeta, o que leva a alterações mínimas — mas existentes — na duração dos dias. 

Nós medimos o tempo com relógios atômicos, dispositivos que monitoram o tempo com altíssima precisão através da frequência de ressonância nos átomos. Entretanto, a duração de um dia (ou seja, o tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do seu próprio eixo) varia devido a diversos fatores, como a Lua.

A gravidade que nosso satélite natural exerce nos oceanos e no solo terrestre faz nossos dias ficarem gradualmente mais longos. Enquanto isso, o aquecimento global induzido pela ação humana vem causando o derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártida. Isso faz com que as massas de água que estavam em altas latitudes sigam aos oceanos. 

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Desta forma, ocorre um acúmulo de água nos oceanos mais próximos do equador, deixando a Terra mais achatada — é como aquilo que acontece quando uma patinadora no gelo estende os braços e, assim, gira mais rapidamente. No caso da Terra, sua rotação desacelera, fazendo com que os nossos dias fiquem alguns milissegundos mais longos. 

Para avaliar os impactos do derretimento do gelo na duração dos dias, os pesquisadores trabalharam com observações e reconstruções computacionais. Eles descobriram que a taxa de desaceleração variou de 0,3 a 1 milissegundo por século (ms/cy) entre 1900 e 2000. Entretanto, a partir de 2000 o derretimento acelerou e a taxa também, subindo para 1,3 ms/cy.

A diferença é mínima, mas é suficiente para causar problemas. “A taxa atual é provavelmente mais alta do que qualquer outra a qualquer momento nos últimos milhares de anos”, escreveram os autores. Eles alertam que, se as emissões de poluentes continuarem, a taxa de desaceleração deve aumentar para 2,6 ms/cy no início do próximo século. 

Se isso acontecer, a mudança vai superar os efeitos das marés lunares, tornando-se o principal agente por trás das variações na duração dos dias — isso sem considerar os impactos para recursos e infraestruturas usadas em nosso cotidiano.

“Todos os datacenters por trás da internet, da comunicação e das transações financeiras, são baseados na contagem do tempo em alta precisão. Também precisamos de conhecimento preciso do tempo para navegação, e principalmente, para satélites e espaçonaves”, alertou Soja. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA.

Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences, The Guardian