Método brasileiro extrai micro e nanoplásticos da água de forma eficiente
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Os micro e os nanoplásticos são cada vez mais comuns na nossa vida cotidiana, e dados apontam para a presença dessas partículas de plástico até no sangue humano. Em busca de formas eficientes de filtragem, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um novo método, com nanotecnológia, de limpeza da água através de ímãs.
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O funcionamento do método brasileiro de extração de nanoplásticos foi descrito em estudo recém-publicado na revista Micron. Para isso, são necessárias nanopartículas magnéticas com revestimento de polidopamina. Na água, elas se conectam aos plásticos e são atraídas pelo campo magnético na segunda etapa do processo, garantindo a limpeza da solução.
“A polidopamina é uma substância que imita as propriedades adesivas de moluscos marinhos, capazes de se fixar em superfícies de maneira extremamente resistente”, explica Henrique Eisi Toma, professor do Instituto de Química (IQ-USP) e coordenador do estudo, para a Agência Fapesp.
Fontes de micro e nanoplásticos
Vale explicar que microplásticos são aqueles fragmentos com até 1 milímetro, algo que ainda pode ser filtrado por outros métodos. Enquanto isso, os nanoplásticos são cerca de mil vezes menores. Por isso, são muito mais difíceis de serem capturados.
Ambas as variações surgem a partir do desgaste de plásticos maiores. Inclusive, uma importante fonte de poluição é a lavagem de roupas com fibras sintéticas. Já que os plásticos minúsculos saem na água de descarte e podem chegar aos rios e aos lençois freáticos, contaminando toda a cadeia.
Testes com o método brasiliero
Segundo os autores, o uso da polidopamina demonstrou ser eficaz na remoção dos micro e dos nanoplásticos da água. No entanto, a equipe da USP quer dar um passo a mais. Além de remover os plásticos, o foco é degradá-los. Isso pode ser feito com enzimas específicas, como a lipase, aplicada na mistura. Ela já demonstrou funcionar com o plástico PET.
Quando há aplicação de enzimas, o plástico PET é decomposto em moléculas menores. Estas podem ser reutilizadas na produção de novos materiais plásticos. “Nosso objetivo é não só remover os plásticos da água, mas também contribuir para sua reciclagem de maneira sustentável”, completa Toma.
Agora, é preciso garantir o uso em larga escala das duas soluções. Se a tecnologia demonstrar ser viável economicamente, esta será uma boa opção para controlar a poluição plástica no Brasil e no mundo.
Saiba mais:
É preciso pensar em diferentes soluções contra a poluição, além da questão dos micro e dos nanoplásticos. O lixo eletrônico também deve ser corretamente reciclado, evitando outras formas de contaminação:
Fonte: Agência Fapesp