Golfinhos testam positivo para fentanil no Golfo do México
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

No Golfo do México, os golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) convivem com produtos químicos e drogas nas águas, como o fentanil. O opioide com efeito anestésico é 100 vezes mais poderoso que a morfina e foi encontrado em 24 animais de região, que testaram positivo. Deste total, seis já estavam mortos na hora da coleta de amostras — a causa não estava necessariamente ligada.
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Liderado por pesquisadores da Texas A&M University, a pesquisa sobre os golfinhos que testaram positivo para o fentanil foi publicada na revista iScience. Além da droga, os pesquisadores encontraram outros químicos na análise de 89 cetáceos, como o sedativo meprobamato e o relaxante muscular carisoprodol.
Crise do fentanil: em alguns países do Hemisfério Norte, como nos EUA e no Canadá, o fentanil causa uma série crise de saúde pública. Algumas projeções estimam a morte diária de quase 300 estadunidenses devido ao uso do opioide. Na contramão, institutos de pesquisa estão investindo em inovação e testam uma potencial vacina contra a droga.
Fentanil nos oceanos
"Os produtos farmacêuticos [e outras drogas] se tornaram micropoluentes emergentes e são uma preocupação global crescente, pois sua presença foi relatada em ecossistemas de água doce, rios e oceanos em todo o mundo", explica Dara Orbach, pesquisadora da universidade e autora do estudo, em nota.
"A exposição crônica a produtos farmacêuticos e seus efeitos cumulativos em mamíferos marinhos ainda não são totalmente compreendidos”, comenta a pesquisadora. Então, estudos complementares sobre o impacto na reprodução e na longevidade ainda são necessários para confirmar os danos.
Vale lembrar que, neste ano, cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) encontraram tubarões que testaram positivo para cocaína na costa do Rio de Janeiro. Isso somente reforça a dimensão internacional do problema. O mesmo pode estar acontecendo com tubarões na Flórida (EUA).
Risco para golfinhos e humanos?
A principal hipótese para conectar a presença do fentanil no tecido adiposo dos golfinhos (de onde foram retiradas amostras para a análise laboratorial) é de que a droga tenha chegado através da dieta, composta por peixes e camarões.
Tanto peixes quanto camarões do mar podem ser consumidos também por humanos, o que sugere potenciais impactos à saúde humana devido ao acúmulo do fentanil e de outros compostos químicos através da alimentação. Novamente, não se sabe os riscos dessa exposição e nem qual a quantidade de consumo indireto que traz problemas.
Embora o fentanil tenha sido encontrado em 24 amostras, 30 golfinhos estavam contaminados por algum produto químico derivado da indústria farmacêutica. Considerando o total de amostras analisadas (89), isso significa que mais de 30,5% dos golfinhos estão contaminados dentro do recorte. Análises futuras deverão entender se essa proporção se mantém quando mais espécimes são estudados.
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Fonte: Texas A&M University