Estudo mostra toxicidade de bitucas de cigarro para seres aquáticos
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A forma mais comum de lixo encontrada nas ruas ao redor do mundo, bitucas de cigarro têm sido uma ameaça para organismos aquáticos pelas toxinas e microplásticos que liberam, aponta estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
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A pesquisa, publicada na revista científica Microplastics and Nanoplastics, mostrou que milhares de substâncias tóxicas retidas nos filtros de cigarros levaram a um aumento de 20% na mortalidade de larvas de mosquitos, enquanto as sobreviventes apresentaram um desenvolvimento comprometido em até 80%. Os pequenos organismos serviram de amostra para o que as toxinas podem causar em outras espécies — outros estudos já provaram que peixes podem morrer com o que é liberado em uma proporção de duas bitucas por litro de água.
Além das toxinas, as fibras dos filtros também contribuem para a poluição plástica do meio ambiente, sendo uma das principais formas para estas substâncias chegarem até o oceano. Bethanie Almroth, especialista em Ecotoxicologia e principal responsável pelo estudo, afirma que é por esses motivos que a União Europeia classifica as bitucas como um resíduo perigoso. “Não é só um pedaço de plástico qualquer sendo descartado no meio ambiente,” diz a cientista.
A Suécia deve passar a obrigar os produtores de cigarro a pagarem pela limpeza das bitucas nas ruas, mas os pesquisadores acreditam que esse tipo de medida não seja eficaz para combater o problema. Analisando os hábitos dos fumantes em Gotemburgo, eles observaram que, mesmo com cinzeiros por perto, o chão é o destino mais comum para os filtros descartados.
Bethanie, em outro artigo científico, argumenta que, além dos prejuízos ao meio ambiente, estes materiais não garantem proteção à saúde do usuário de tabaco — sendo, dessa forma, mais uma estratégia de marketing do que uma redução de danos. Na mesma publicação, os cientistas ainda trazem dados da Organização Mundial da Saúde que mostram que países como a China e o Brasil gastam, respectivamente, 2,6 bilhões e 200 milhões de dólares na limpeza de bitucas por ano.
Por estes motivos, Almroth e os outros especialistas pedem o banimento dos filtros de cigarro com fibras plásticas em todo o mundo. “O problema deve ser prevenido, não remediado,” conclui a pesquisadora.
Fonte: Microplastics and Nanoplastics, Science of the Total Environment Via: Phys.org