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Erupção do supervulcão mudou o comportamento humano há 74 mil anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Março de 2024 às 16h07

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Piermanuele Sbern/Unsplash
Piermanuele Sbern/Unsplash

Os fenômenos da natureza, como o vulcanismo, afetaram a forma como o planeta era ocupado, provocando migrações e criando novos hábitos. Com base nos efeitos da erupção do supervulcão Toba, na Indonésia, uma equipe de arqueólogos sugere que este tenha sido um episódio decisivo para moldar o comportamento dos humanos modernos, na Idade da Pedra, há cerca de 75 mil anos. Inclusive, facilitou a migração para a Europa e para a Ásia.

A Teoria da catástrofe de Toba propõe que a erupção, uma das maiores da história, reduziu drasticamente a população humana. Inclusive, a erupção desencadeou o que conhecemos como inverno vulcânico — as temperaturas médias diminuíram por algum tempo no planeta.

De forma paralela, as reservas de alimentos foram drasticamente afetadas. Em um sítio arqueológico no noroeste da Etiópia, Shinfa-Metema 1, os achados arqueológicos contam a história de como os humanos sobreviveram, tornando-se mais flexíveis e adotando novos comportamentos de caça.

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Mudança no comportamento humano

Publicado na revista científica Nature, o estudo que reconta as mudanças no comportamento provocadas pela erupção de Toba foi liderado por pesquisadores da Universidade do Texas em Austin (UT), nos EUA. 

A estrutura química de cacos de vidro minúsculas, encontrados no local, coincidem com as liberadas pelo vulcão de Toba, o que comprova que aquela comunidade foi contemporânea ao evento catastrófico. No entanto, o que chama a atenção é o fato de que a região era ocupada durante um período de aridez, sem abundância de alimentos.

Contrapondo a ideia de que os humanos modernos ocupavam áreas verdes, os pesquisadores sugerem que, na verdade, eles buscavam por pontos remanescentes de água, o que atraia animais selvagens, como antílopes e macacos, e facilitava a caça. Enquanto, eles também poderiam se aproveitar dos peixes.

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“À medida que as pessoas esgotavam os alimentos dentro e ao redor de um determinado poço durante a estação seca, elas provavelmente foram forçadas a se mudar para novos poços”, sugere John Kappelman, professor de antropologia da UT e principal autor do estudo, em nota.

Então, a ocupação humana acompanhava os pontos em que a água era relativamente acessível, o que pode ter levado essas populações até os extremos do continente africano. Com isso, contribuíram, muito possivelmente, com a dispersão para outros continentes — estas ocorreram em um muitos ciclos ao longo de milhares de anos

Além disso, nas escavações, foram encontradas pequenas pedras triangulares lapidadas. Estas podem ser consideradas a evidência mais antiga do uso de arco e flecha, ainda rudimentar, no mundo. Também há evidências de uso de fogo de forma controlado.

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Migrações após erupção do supervulcão

Para os pesquisadores, as chances dos habitantes dessa região da Etiópia terem migrado para outros continentes em consequência da erupção do supervulcão de Toba são baixas, já que estavam bem adaptados às adversidades locais.

No entanto, os autores defendem que essas novas habilidades que permitiram a vida no pós-catástrofe foram fundamentais para que os humanos conseguissem ocupar novos territórios, saindo da África.

Fonte: Nature e UT News