Emissões de metano estão intensas demais para frear mudanças climáticas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper | •

A contribuição do metano para o efeito estufa só perde para a do gás carbônico e, embora países já tenham se comprometido a reduzir suas emissões, apenas 13% delas são reguladas, indica estudo de pesquisadores europeus.
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Em 2021, mais de 100 nações assinaram um tratado com o objetivo de cortar em 30% suas emissões de metano até o ano de 2030. Para avaliar o progresso mundial em relação a essa meta, a equipe liderada por Maria Olczak, cientista da Queen Mary University of London, realizou a primeira pesquisa de revisão de todas as políticas no mundo que tratam sobre este gás desde 1970.
Nos principais setores responsáveis pela produção de metano — agricultura, energia e resíduos sólidos — a maioria dos países não possuem medidas para controlar as emissões do gás — somente 13% das maiores fontes estão de acordo com o ideal.
Por que é importante regular o metano?
O metano retém, na verdade, mais de 80 vezes calor na atmosfera que o gás carbônico. Ao mesmo tempo, o tempo que ele permanece no ar antes de se decompor é muito menor — apenas décadas, enquanto o CO2 dura séculos. Controlar as emissões de metano é, portanto, uma estratégia que traria benefícios a um prazo mais curto em termos de reduzir o aquecimento global.
Para atingir as metas climáticas que o planeta estabeleceu — como limitar o aquecimento global em 1,5 ºC desde os níveis pré-industriais — é preciso que os países que se comprometeram a reduzir suas emissões de metano o façam imediatamente, alerta o estudo.
Além de seu grande potencial de aumentar o efeito estufa, o metano na baixa atmosfera pode contribuir com a formação de ozônio no ar. Fora da estratosfera — onde a camada dessa substância protege a Terra da radiação ultravioleta do Sol — o ozônio é tóxico para os seres humanos. Em altas concentrações no ar, o metano também é explosivo.
Por outro lado, se capturado, esse gás é uma ótima fonte de energia — já que é o principal componente do gás natural. Desta forma, reaproveitar o metano que é liberado em minas desativadas ou aterros sanitários é uma ótima estratégia para reduzir a extração de combustíveis fósseis de outras fontes.
Como controlar as emissões de metano
Entre as medidas disponíveis para controlar o metano emitido nestes setores, os pesquisadores elencam:
- a identificação e reparação de vazamentos do gás;
- a instalação de equipamentos que capturem as emissões;
- a taxação por unidade de metano emitida
- a recompensa por reutilizar o metano de alguma forma, como combustível, por exemplo.
O estudo ainda encontrou que a maior parte das fontes de metano (70% delas) em que estas medidas já estão funcionando encontra-se na Europa ou nos Estados Unidos. Contudo, mesmo nestes locais, há espaço para melhora. Em especial, é preciso monitorar de forma consistente as quantidades que são emitidas por cada fonte, o que ajudaria a concentrar esforços onde é mais necessário.
Fonte: One Earth via: The Conversation