Despejo de resíduos industriais deixa rosa a lagoa de Corfo, na Patagônia
Por Wyllian Torres | Editado por Patricia Gnipper | 26 de Julho de 2021 às 15h00
Na semana passada, as águas da lagoa de Corfo, localizada ao sul da Patagônia, na Argentina, ficaram cor-de-rosa e permaneceram assim até o último domingo (25). Segundo especialistas e ativistas, a coloração incomum seria o resultado do despejo incorreto de produtos químicos usados em fábricas próximas ao local — e esta não é a primeira vez que isso acontece.
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A cor rosa, especificamente, é causada pela presença de sulfito de sódio, um produto que atua como antibactericida em fábricas de peixes e camarão. Os resíduos são despejados no rio Chubut, responsável por alimentar a lagoa de Corfo e outras fontes naturais. Em declaração à Agence France-Presse, o ativista Pablo Lada afirma que “quem deveria estar no controle é quem autoriza o envenenamento de pessoas”. Em outras palavras, a responsabilidade é do governo argentino.
Não é de hoje que a comunidade local reclama de odores desagradáveis e outros problemas ambientais que surgem próximos ao rio e à lagoa. Por lei, o sulfito de sódio presente nos resíduos despejados pelas fábricas deve ser tratado antes disso. A lagoa de Corfo não é usada para fins de recreação ou pesca, por isso recebe o escoamento do Parque Industrial de Trelew, tanto que esta não é a primeira vez que suas águas ficam rosa. Apesar disso, o problema se intensificou nas últimas semanas.
Cansados de relatar sobre os odores ruins e demais problemas relacionados ao despejo dos resíduos, morados da cidade vizinha Rawson bloquearam o caminho dos caminhões responsáveis por transportar e descartar os restos das fábricas no lago. Impedidos de depositar seu lixo ali, as fábricas pesqueiras conseguiram uma autorização provisória por parte das autoridades locais para que o despejo fosse feito na lagoa de Cordo.
O chefe de controle ambiental da província de Chubut afirma que a cor avermelhada não causa danos e desaparecerá em alguns dias. Em contrapartida, o secretário de planejamento da cidade de Trelew diz que "não é possível minimizar algo tão sério". O ativista Lada ressalta que, embora a pesca gere trabalho, são as empresas que ganham muitos milhões de dólares, mas elas se isentam da responsabilidade de fretar estes resíduos até uma estação de tratamento adequada já existente em Puerto Madryn, a cerca de 56 km de distância.
Fonte: ScienceAlert