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Cientistas descobrem gatilho que leva um terremoto a se formar

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Shefali Lincoln/Unsplash
Shefali Lincoln/Unsplash

Um novo estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém apontou qual o gatilho que faz um terremoto começar. A pesquisa, publicada na revista científica Nature neste mês de janeiro, conseguiu demonstrar que “estresses” em uma superfície se tornam a rachadura que vem a ser um terremoto. 

A descoberta tem o potencial de informar modelos de previsão e melhorar a capacidade de antecipar e mitigar riscos de terremotos.

Para isso, os cientistas avaliaram a maneira que os materiais se rompem, analisando em laboratório o modo como rachaduras serpenteiam em um termoplástico chamado polimetilmetacrilato (PMMA), também conhecido como plexiglass.

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Após prenderem folhas de PMMA, eles aplicaram uma força de cisalhamento. Em entrevista ao Canaltech, o engenheiro mecânico formado pela FEI Rodrigo Gomes Rodriguero explica o que é cisalhamento. 

“Pensa numa peça cilíndrica metálica você possa segurar com as duas mãos. Aí, você aplica uma força perpendicular de 90°, em sentidos contrários, empurrando uma para cima e outra para baixo. Isso vai fazer com que a peça quebre no meio. Isso é o cisalhamento. A região quebrou porque houve um cisalhamento entre os planos internos da peça. Elas sofrem um atrito entre os dois planos e rompem o material”, diz. 

Um exemplo da ocorrência desse processo é em falhas de deslizamento, como a Falha de San Andreas, na Califórnia. Embora os materiais sejam diferentes, a mecânica da rachadura é a mesma.

Assim, foi possível notar que o estresse, como descrevem os pesquisadores, em uma determinada região proporciona a rachadura. Ou seja, o acúmulo de atrito na interface de dois corpos se transforma em uma ruptura repentina, o chamado terremoto. 

Como acontecem os terremotos

Terremotos se formam quando duas placas tectônicas que se movem uma contra a outra e ficam presas, atritando e fazendo com que a tensão se acumule naquela extremidade e acumule estresse. E então, essa força se rompe e a energia antes represada é liberada e produz a rachadura.

“Mostramos que processos lentos e assísmicos são um pré-requisito para a ruptura sísmica, impulsionados por estresse localizado e restrições geométricas. Isso tem implicações profundas para a compreensão de quando e como os terremotos começam”, afirmou em comunicado à imprensa Jay Fineberg, professor da universidade e líder do estudo.

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Assísmico é o nome usado para se referir a esse movimento gradual da superfície terrestre ao longo de uma falha geológica, sem gerar um terremoto, que, por sua vez, tem o nome técnico de abalo sísmico.

A partir disso, os pesquisadores desenvolveram modelos teóricos para demonstrar como o movimento lento e constante em pontos de estresse se transforma na ruptura dinâmica associada a terremotos.

O próximo passo, apesar de difícil, é tentar medir o movimento assísmico antes de uma ruptura, em uma falha, por exemplo, ou mesmo em um objeto mecânico como uma asa de avião, o que possibilitaria prever uma ruptura.

Além dos modelos, segundo o estudo, a estrutura desenvolvida por eles também oferece uma compreensão mais profunda de importantes processos comuns como atrito e fratura de material.

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Eles destacam importância de processos lentos e assísmicos que frequentemente precedem terremotos, uma vez que movimentos tidos como silenciosos podem conter informações críticas sobre eventos sísmicos iminentes.

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Fonte: Nature