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Google pode ter que pagar jornais brasileiros para exibir notícias no buscador

Por  • Editado por Claudio Yuge | 

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Kai Wenzel
Kai Wenzel
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As coisas estão prestes a ficar bastante complicadas para o Google no Brasil. Uma investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quer entender se a companhia deveria estar pagando os veículos de mídia brasileiros para ter o privilégio de exibir uma pequena prévia de notícias e artigos jornalísticos nos resultados de pesquisas efetuadas pelos internautas — uma situação similar à que a companhia enfrenta na Austrália.

Acontece o seguinte: o Gigante das Buscas exibe prévias dos conteúdos de jornais e revistas sempre que o internauta realiza uma pesquisa por, por exemplo, “novidades sobre COVID-19”. Muitas vezes, essa prévia contém um resumo que entrega as principais informações a respeito daquela notícia (e, em determinados momentos, quase o texto inteiro), o que é chamado tecnicamente de “snippet”. O que o Cade quer entender é se tal prática desincentiva o leitor a clicar no site e consumir o material na íntegra.

Tal processo já perdura desde julho de 2019 — na época, quem acionou o Conselho foi o comparador de preços Buscapé, que reclamou do fato de que o buscador estava exibindo o valor mais baixo de um produto para o internauta, tornando desnecessário a entrada no site. O órgão regulamentador não conseguiu provar que a prática causava prejuízos aos clientes finais e arquivou o caso; porém, pouco tempo depois, uma conselheira do órgão percebeu que a mesma coisa acontece com o Google Notícias e veículos de mídia nacionais.

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Além de ouvir o Google, o Cade ouviu a Associação Nacional de Jornais (ANJ), principal interessada na investigação, e alguns sites jornalísticos de grande porte. “Se não há clique no site, você não tem tráfego e não ganha dinheiro de anúncio com o conteúdo. O Google compete efetivamente por anúncios e absorve verbas publicitárias pela reprodução de conteúdo jornalístico sem a devida remuneração como contrapartida”, explica Márcio Bueno, o advogado da ANJ.

Por sua parte, o Gigante das Buscas se defende afirmando que “ajuda editores a aumentarem o número de leitores e a obter receita por meio de anúncios”, direcionando mais de 24 bilhões de acessos por mês para sites jornalísticos ao redor do globo.

Caso similar na Austrália

Vale lembrar que, recentemente, a companhia enfrentou uma ação parecida na Austrália. O governo local criou uma lei que obriga as big techs — incluindo o Facebook — a pagar royalties para os veículos de mídia pelo privilégio de usar seus conteúdos. De início, o Google se recusou a acatar tal decisão e até ameaçou cessar suas operações no país; posteriormente, porém, realizou acordos milionários com os principais conglomerados de mídia australianos. Estima-se que tais acordos atinjam a faixa dos US$ 30 milhões (R$ 174 milhões).

Fonte: Yahoo!