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#SalveBelParaMeninas: O que está por trás da polêmica das redes sociais

Por| 19 de Maio de 2020 às 12h55

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(Imagem: Reprodução/Facebook)
(Imagem: Reprodução/Facebook)

O ramo dos youtubers é um que não é livre de perigos. E, infelizmente, mais um caso em que a internet levanta a possibilidade de uma série de abusos tomou as redes sociais de assalto desde o último final de semana, sem sinais de desacelerar. Usuários do Twitter já sabem do que estamos falando: a hashtag#SalveBelParaMeninas, que alcançou o topo dos assuntos mais discutidos na rede de microblogs.

Contextualizando: a tag refere-se à jovem Bel, do canal “Bel Para Meninas” (com cerca de 7 milhões de inscritos). A menina, que tem 14 anos, protagoniza vídeos de sua rotina adolescente, bem como material de vestuário, maquiagem e outras pautas direcionadas ao público feminino. A polêmica refere-se a uma teoria que, até o momento, não conseguimos identificar um ponto específico de origem, postula que a mãe de Bel, Francinete Peres (que tem o canal “Fran Para Meninas”, como 6 milhões de inscritos, além de outros dois com a irmã caçula de Bel e seu marido) estaria forçando a filha a gravar vídeos que a deixaram visivelmente desconfortável, sinalizando um caso de abuso de menores.

Até segunda-feira (18), a hashtag contava com quase 600 mil interações. Mas, afinal, o que levou a internet a dar credibilidade a essa acusação? É o que o Canaltech tenta descobrir aqui.

#SalveBelParaMeninas: origem da hashtag

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É difícil apontar um momento específico de origem da situação, haja vista que os internautas — majoritariamente o Twitter — exibem várias evidências que serviriam de sinal para comprovar suas teorias. O que parece ser mais consistente é uma série de prints referentes a vídeos variados protagonizados por Fran e Bel.

Especificamente, fazem as rondas no Twitter um vídeo onde Fran aparece zombando da filha após esta vomitar em câmera (removido e proibido, segundo internautas) e outro expondo momentos de tristeza da menina após determinadas situações escolares. Nem todos os vídeos estão no ar agora, mas os materiais abaixo ficam de registro:

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Na mídia, até agora nenhum veículo de grande porte abordou a situação e a pauta acabou tocada “por cima” por um blog de fofocas intitulado Breaktudo. O que permeia toda a situação, porém, são threads e mais threads no Twitter, com usuários postando memes, opiniões, acusações, ofensas, além de, claro, vídeos de “revelação”.

Desnecessário dizer, a veracidade disso ainda está a ser confirmada:

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Vale citar: o canal Bel Para Meninas já foi alvo de investigação pelo Ministério Público em 2016 após ser acusado de lucro irregular proveniente das publicidades veiculadas no canal (Bel, à época, tinha 8 anos, idade que possui normas específicas de tratamento publicitário segundo os guidelines do YouTube). Na época, uma reportagem do UOL apontou:

"O procurador justificou o inquérito ao ver nos vídeos do canal 'práticas de direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica ao público infantojuvenil com a intenção de persuadi-lo para o consumo de produtos/serviços por meio de, por exemplo, aspectos relacionados à linguagem infantil, a efeitos especiais e excesso de cores, a trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança e à representação de criança'".

O outro lado da moeda

Até o presente momento, nem Bel, nem Fran se manifestaram sobre o caso de forma aberta. O canal não possui um perfil oficial no Twitter para responder às acusações, mas alguns internautas dizem que Fran, a mãe, já ameaçou processar pessoas judicialmente, sem nomear especificamente alguém.

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No Facebook, há uma página com o selo oficial de autenticidade atribuída ao canal, mas a última postagem feita é de maio de 2019. No Instagram, a conta oficial da família de Bel publicou uma foto recente:

Neste mesmo perfil no Instagram e na página de “Sobre” no canal do YouTube, encontramos um endereço de e-mail listado como “contato corporativo”. Sendo essas as únicas formas de contato, enviamos mensagens via e-mail e Instagram, mas até o fechamento desta matéria o Canaltech não obteve qualquer resposta ou comentário sobre o caso.

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Déja Vù

O caso não é o primeiro levante das redes sociais em busca do salvamento de uma personalidade da internet. Em 2016, a youtuber britânica Marina Joyce acabou sendo a figura central de uma campanha que viu o Twitter se mobilizar contra um suposto abuso e cárcere privado que teria sido protagonizado pelo namorado da celebridade.

Marina Joyce sempre apresentou-se de forma alegre e gesticulosa em seus vídeos, mas publicações da época sinalizaram um comportamento de risco, com a menina se mostrando um pouco mais tímida e com visíveis marcas pelo corpo, que muitos disseram tratarem-se de hematomas.

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A situação só piorou após a própria Marina ter tuitado um encontro com fãs em um shopping local — evento esse que não aconteceu e que acabou reforçando a ideia de que a jovem estaria sendo mantida em cativeiro pelo namorado, que a estaria forçando a produzir conteúdo para o YouTube, ficando com as rendas geradas.

No final, a polícia local se envolveu no caso e, abrindo uma investigação, visitou a casa de Marina e seu namorado, informando que não encontraram irregularidades no local. Até hoje, a situação permanece não resolvida, embora os defensores, antes unidos, agora estão bem divididos: uns acusam Marina de ter orquestrado tudo como uma jogada publicitária para ganhar mais seguidores (e ela ganhou: triplicou o número de inscritos no canal desde o surgimento do caso), enquanto outros desacreditam da polícia e seguem afirmando que ela era uma vítima. Há ainda uma terceira corrente que acusa a menina de sofrer distúrbios psicológicos, como esquizofrenia, decorrentes da pressão pelo sucesso como influenciadora de conteúdo.

E você, o que pensa disso tudo? Há algum caso de abuso aqui? Seria essa uma jogada de marketing da mãe de Bel para ampliar a esfera de influência de todos os canais? Ou os temores são infundados? Conte para nós nos comentários abaixo!