Polêmico, Richard Stallman renuncia a cargos no MIT e Free Software Foundation

O cientista da computação e importante figura do mundo do software livre, Richard Stallman, renunciou ao cargo de pesquisador convidado no Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial (CSAIL) do MIT (Massachusetts Institute of Technology, ou Instituto de Tecnologia de Massachusetts) depois de descrever uma vítima do traficante sexual Jeffrey Epstein como "totalmente disposta" em e-mails vazados que circularam no instituto. Stallman também deixou o cargo de presidente e diretor do conselho da Free Software Foundation, organização sem fins lucrativos que ele fundou em 1985.

Na semana passada, o Daily Beast informou que Stallman também pediu a legalização da pornografia infantil e a abolição das leis de maioridade em vários posts publicados em seu blog pessoal ao longo de 15 anos. Em sua demissão do MIT CSAIL, também publicada no seu site, Stallman escreveu: “Estou renunciando imediatamente à minha posição no CSAIL no MIT. Faço isso devido à pressão sobre mim e o MIT ocasionada devido a uma série de mal-entendidos”.

O MIT, por sinal, está sob investigação devido a um suposto envolvimento com Epstein, que, segundo uma matéria da New Yorker, teria garantido US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões) em doações para o MIT Media Lab, muito mais do que fora divulgado anteriormente. Como resultado, seu diretor, Joi Ito, renunciou na semana passada e o MIT ordenou uma investigação desses "laços" do Media Lab com Epstein, que foi encontrado morto em sua cela no mês passado enquanto aguardava julgamento federal por acusações de tráfico sexual.

Como parte de suas conclusões preliminares, o presidente do MIT, Rafael Reif, admitiu que o escritório de advocacia que conduziu a investigação havia descoberto uma carta que ele escreveu para agradecer a Epstein por uma doação em 2012, quatro anos depois que Epstein já havia se declarado culpado de prostituir uma menina com menos de 18 anos. "Eu aparentemente assinei esta carta em 16 de agosto de 2012, cerca de seis semanas na minha presidência", escreveu Reif. "Embora eu não me lembre, ele possui minha assinatura", relembra.

Entenda o caso

Os e-mails de Stallman foram divulgados pela primeira vez na semana passada pelo engenheiro mecânico e ex-aluno do MIT, Selam Jie Gano. Em uma mensagem enviada a uma lista de discussão do MIT CSAIL no início deste mês de setembro, Stallman escreveu que Virginia Giuffre, uma das vítimas de tráfico sexual de Epstein e que disse ter recebido ordem para fazer sexo com o falecido professor Marvin Minsky durante uma viagem às Ilhas Virgens, nos EUA, aos 17 anos, provavelmente “se apresentou a ele como inteiramente disposta”. Ele também escreveu que “concluí, a partir de vários exemplos de inflação de acusações, que é absolutamente errado usar o termo 'agressão sexual' em uma acusação".

Gano também publicou um e-mail que Stallman enviou para outra lista do CSAIL que incluía estudantes de graduação. Na mensagem, ele dizia: "Eu acho moralmente absurdo definir 'estupro' de uma maneira que depende de pequenos detalhes, como em que país ele estava ou se a vítima tinha 18 ou 17 anos".

Quem é Richard Stallman?

Conhecido como um dos "pais do software livre", Richard Stallman é uma das personalidades mais controversas do mercado de tecnologia mundial. Fundador do movimento denominado "Free Software", ele é mais conhecido pela abreviatura "rms", além de ser entusiasta e ativista do projeto GNU, hoje conhecido como GNU/Linux, além, é claro, de ter fundado a Free Software Foundation.

Um dos pioneiros da "cultura hacker", Stallman tem dedicado a maior parte de seu tempo ao ativismo político, defendendo o software livre e lutando contra a patente de programas e a expansão da lei de direitos autorais desde os anos 90.

Sua postura sempre foi de compartilhar todo seu trabalho e descobertas na área de desenvolvimento de software e considerava essa premissa como "espírito clássico da colaboração científica". Stallman tinha o discurso de que todos os usuários devem compartilhar seu conhecimento com os demais, pois desta maneira todos poderiam auxiliar no estudo da melhoria dos códigos e promoverem mudanças.

Entre seus maiores feitos estão os programas GNU Emacs, GCC, GDB, além de participação ativa em muitos outros.

Fonte: TechCrunch, InfoEscola