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Mulheres Históricas: Hedy Lamarr, a atriz que inventou a base para o Wi-Fi

Por| 18 de Agosto de 2016 às 23h13

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Quem consegue viver sem telefone celular e sem internet Wi-Fi nos dias de hoje, não é mesmo? A tecnologia que permite conectar-se à internet sem a necessidade de plugar o dispositivo (seja um smartphone, tablet ou computador) a um modem por meio de cabos de rede é um item indispensável para o bom funcionamento da sociedade atual, mas nem todo mundo sabe que sua criação teve como base a época da Segunda Guerra Mundial, quando uma atriz de Hollywood – que também era inventora – criou um sistema de comunicações para as Forças Armadas dos EUA que serviu como base para a invenção do Wi-Fi e também da atual telefonia celular.

Se em 2016 não desgrudamos de nossos smartphones devidamente conectados à internet via Wi-Fi, a grande responsável por isso é Hedy Lamarr, atriz e inventora austríaca nascida em 1914. Lamarr ficou famosa no cinema por ter protagonizado a primeira cena de orgasmo da história da sétima arte, e também deixou sua marca no universo da ciência e da tecnologia com suas invenções à frente de seu tempo.

A trajetória como atriz de cinema

Nascida em Viena, a filha de pais judeus era parte de uma família de classe média cuja mãe era uma pianista e o pai, diretor bancário. Lamarr estudou piano até os dez anos de idade e, mais tarde, foi considerada pelo diretor Max Reinhardt “a mais bela mulher da Europa”. Ainda adolescente, a jovem atriz interpretou diversos papéis em filmes alemães, contracenando com atores famosos da época.

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A fama chegou a partir do filme “Êxtase”, uma produção tcheca de 1933 filmada em Praga em que a atriz aparecia nua correndo por entre folhagens e mergulhando em um lago, além de ter simulado um ato sexual finalizado em orgasmo – coisa que o cinema nunca tinha retratado até então. Contudo, seu marido (que era milionário e muito ciumento), acabou gastando uma verdadeira fortuna na tentativa de adquirir e destuir todas as cópias da película.

Já separada, em 1933 Hedy se casou novamente, mas mais uma vez caiu nas mãos de um homem controlador. Em sua autobiografia “Esctasy and Me”, Lamarr contou que seu segundo marido tentava mantê-la trancada em sua mansão, e nessa época acabou acompanhando o esposo em diversos jantares com a elite nazista, com a qual o marido tinha relações profissionais. Em 1937, Hedy conseguiu fugir do país com suas valiosas jóias, abandonando o casamento e naturalizando-se norteamericana em 1953.

Na América, Lamarr casou-se ainda outras cinco vezes, tendo se relacionado com profissionais do cinema como empresários, atores, roteiristas e produtores. Mas, antes de tudo isso, a atriz estreou em Hollywood em 1938 e, entre seus diversos filmes, atuou ao lado de grandes nomes como Lana Turner e Judy Garland.

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Atriz sim, mas também uma grande inventora

Durante a Segunda Guerra, Hedy Lamarr criou junto com o compositor e também inventor George Antheil um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas, cuja patente foi feita em 1940 usando seu nome de registro (Hedwig Eva Maria Kiesler). A ideia surgiu quando a dupla estava fazendo um dueto ao piano e começaram a “conversar” entre si alterando os controles do instrumento. Ou seja, Lamarr descobriu que, se o emissor e o receptor mudassem constantemente de frequência, somente os dois poderiam se comunicar sem medo de serem interceptados pelo inimigo.

Antheil havia ganhado notoriedade ao experimentar o controle autômato de instrumentos musicais, possuindo conhecimentos gerais tão vastos que chegou até mesmo a escrever um livro sobre endocrinologia. O músico conheceu a atriz em 1940, quando se tornaram vizinhos em Hollywood, e então Lamarr o procurou em busca de conselhos sobre como aumentar seus seios. Assim como Hedy, Antheil também rejeitava os ideais nazistas, especialmente depois de Hitler ter realizado uma verdadeira caça à música moderna em prol do Romantismo de Wagner, por considerar o estilo moderno “uma aberração judaica”. Então, sem conseguir trabalho na Europa, o músico refugiou-se na América.

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Então, em 1942, a dupla submeteu seu método de alternância de frequências (“frequence hopping”) ao Departamento de Guerra dos Estados Unidos, que a recusou porque a ideia de trocar as 88 frequências a fim de despistar radares pareceu complicada e difícil demais para ser realizada na época. O projeto ficou “na gaveta” até 1962, quando o aparelho inventado por Lamarr passou a ser usado por tropas militares dos EUA em Cuba, quando a patente já havia expirado. No entanto, a invenção da atriz permaneceu desconhecida até 1997, quando a Electronic Frontier Foundation premiou Hedy Lamarr por sua contribuição.

No ano seguinte, a Ottawwa Wireless Technology adquiriu 49% da patente de Lamarr e a ideia do aparelho de frequência criado por ela serviu de base para a criação da moderna tecnologia de comunicação, como as conexões Wi-Fi e CDMA (de telefones celulares). Considerada então a “mãe do telefone celular”, Hedy Lamarr não ganhou nenhum dinheiro com sua enorme contribuição para com a tecnologia. Contudo, em 1997 recebeu do Governo dos Estados Unidos uma menção honrosa “por abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica”.

Fim de vida e legado para o mundo

A atriz parou de trabalhar para o cinema entre o final dos anos 1950 e o começo da década de 1960 e, em 1966, o renomado cineasta Andy Warhol criou o curta metragem “Hedy” sobre a vida da atriz, no mesmo ano em que ela lançou sua autobiografia. Em seus últimos anos de vida, Lamarr viveu reclusa em sua casa em Orlando, onde morreu em 19 de janeiro do ano 2000, aos 86 anos.

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No ano passado, o Google homenageou Hedy Lamarr no Doodle que foi ao ar na semana da comemoração de seu aniversário de nascimento, para que sempre que fizermos uma ligação ou usarmos a internet por meio de uma conexão sem fio, lembrarmos de que isso só foi possível graças a essa atriz de Hollywood, que não somente teve uma ideia à frente de seu tempo e tornou-se pioneira nesse segmento, como também teve coragem de “peitar” os nazistas em plena Segunda Guerra Mundial.

Confira o vídeo publicado pela gigante na ocasião:

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