DuckDuckGo vai fornecer dados de quem rastreia a navegação dos internautas
Por Rafael Arbulu |
O DuckDuckGo, mecanismo de busca com foco na privacidade do usuário, informou que vai compartilhar com navegadores independentes um levantamento contendo dados de ferramentas de rastreio e coleta de informações de navegação dos usuários na internet. Basicamente, o buscador americano vai “entregar” quem faz a coleta de suas informações quando você surfa pela rede.
O conjunto de dados foi chamado pela empresa de “Tracker Radar” e conta com detalhes de 5.326 domínios de internet, usados por 1.727 empresas que atuam no monitoramento e coleta de dados de navegação do usuário, conforme entrevista exclusiva concedida ao CNET. Segundo o DuckDuckGo, as informações poderão ser consultadas por qualquer pessoa, mas o que a empresa almeja é que elas sejam usadas por navegadores fora do eixo mainstream e que apresentem uma política de valorização da privacidade, como o Vivaldi — este, aliás, já confirmou estar fazendo uso das informações.
O CEO do DuckDuckGo, Gabriel Weinberg, assegurou que outras empresas também vão adotar os dados reunidos. Segundo o executivo, somente em 2019, extensões e aplicativos do buscador do Google foram baixados 20 milhões de vezes, estabelecendo uma média diária de 100 mil downloads.
Os números refletem uma crescente preocupação dos usuários com a privacidade online: empresas de publicidade estão entre as que mais coletam informações de internautas, montando perfis de consumo para melhor direcionarem anúncios de produtos e serviços. Entretanto, o campo não é livre de questionamentos — alguns, de cunho político, inclusive — sobre o que constitui uma coleta justa versus o que é uma violação de informações pessoais.
Nos tempos atuais, diversos países estão ajustando suas leis para refletirem a preservação da privacidade do usuário final: na Europa, já está vigente a GDPR, enquanto o Brasil deve implementar o funcionamento total da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) até agosto de 2020. Mais além, um estudo da Cisco apontou que 32% dos internautas pesquisados já tomaram alguma medida para proteger seus dados, incluindo usar navegadores com recursos de segurança direcionados ao bloqueio de trackers, como Safari (Apple), Brave, Firefox (Mozilla), Edge (Microsoft) ou opções para smartphones, como o browser e extensões oferecidas pelo próprio DuckDuckGo no Android.
Vale citar: resultados de buscas feitas pelo DuckDuckGo exibem anúncios customizados, mas isso é feito pelo histórico de pesquisa do usuário, e não pela coleta de informações em si. Weinberg disse que “é possível” que a disponibilidade do Tracker Radar “canibalize” os negócios da empresa, mas ele assegura que esse não é o foco: “a nossa visão para a empresa é a elevar os padrões de confiabilidade online; essa visão supera qualquer potencial de lucro”.
Qualquer entidade poderá usar o Tracker Radar de forma gratuita, e o DuckDuckGo atualizará a base uma vez por mês. Para quem desejar uma orientação por parte da empresa e seus especialistas, haverá a cobrança de um valor monetário combinado pela consultoria.
Fonte: CNET