Dar dislike em vídeo do YouTube faz diferença? Estudo mostra que não
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |
Um estudo conduzido pela Mozilla revelou que clicar no botão "Não gostei" dificilmente funciona para evitar recomendações ruins no YouTube. Na prática, o recurso ajuda a avaliar os vídeos, mas não serve como uma maneira tão eficaz de controlar o que você verá na plataforma.
- YouTube Shorts vai começar a pagar criadores para acirrar disputa com o TikTok
- YouTube passa a exibir até 5 anúncios não puláveis antes dos vídeos
A pequisa foi feita com 22 mil usuários que instalaram uma extensão de código aberto chamada RegretsReporter. Esse utilitário coleta informações sobre as recomendações do YouTube das pessoas e cruza os dados com as ações delas. Foram analisados mais de 567mil vídeos e entrevistadas 2.758 pessoas para compor o levantamento.
Segundo o resultado encontrado, apenas 12% das recomendações de vídeos indesejados foram interrompidas após o uso do botão de dislike. Para chegar a esse resultado, a equipe definiu uma recomendação ruim ou indesejada aquela cujo vídeo semelhante tenha sido rejeitado anteriormente.
O estudo revelou também que a opção "não estou interessado" só funcionou corretamente em apenas 11% das recomendações ruins. A escolha da opção "remover do histórico de exibição" foi um pouco mais eficaz: 29% dos casos os vídeos indesejados pararam de ser exibidos.
A maneira oficial mais eficaz de impedir sugestões ruins, no entanto, foi selecionar "não recomendar canal", com cerca de 43% de indicações bloqueadas. Apesar disso, essa opção é uma das mais severas, porque vai interromper o fluxo de indicação de todos os vídeos daquele criador, sendo que você pode estar desconfortável apenas com alguns conteúdos.
Algoritmo de recomendação do YouTube seria o culpado
Segundo a Mozilla, nenhum dos controles do YouTube permitiu que as pessoas evitassem ao menos a metade das recomendações ruins. Alguns usuários precisaram recorrer a medidas externas, como alternar para o modo de navegação anônima, usar VPNs, baixar extensões de privacidade para o navegador ou limpar regularmente os cookies.
Em muitos casos, conforme o estudo, a solução mais eficaz foi criar uma conta para acessar especificamente alguns vídeos do site. Esta é uma medida extrema que certamente nenhum serviço deseja, porque exige muito trabalho do espectador e pode afastar as pessoas.
A solução para isso, na visão da Mozilla, seria criar controles de conteúdo mais acessíveis, fáceis de entender e assertivos. Não adianta ter um botão que expressa o descontentamento com um vídeo se o algoritmo de recomendação continuar a exibir coisas similares.
O Canaltech entrou em contato com a assessoria do YouTube no Brasil, mas ainda não obteve uma resposta. Caso a empresa se posicione, o texto será atualizado.