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Big data: como a informação pessoal se tornou uma moeda valiosa na internet

Por| 07 de Outubro de 2016 às 08h45

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Big data: como a informação pessoal se tornou uma moeda valiosa na internet
Big data: como a informação pessoal se tornou uma moeda valiosa na internet

Talvez você não se dê conta, mas tudo o que você faz na internet tem um preço, e um preço alto: acessar redes sociais, ler e enviar emails, ver gatinhos brincando no YouTube ou até mesmo jogar determinado jogo no seu smartphone geram dados anônimos e não anônimos sobre você, dados esses que serão vendidos à empresas como publicidade ou coletados estatisticamente por governos. Com o advento da internet em nossas casas e em nossas mãos, por meio dos smartphones, a informação se tornou uma moeda muito mais valiosa do que você pensa.

Recentemente, o WhatsApp divulgou que compartilharia os dados dos seus usuários com o Facebook. (Foto: Reprodução/DailyTimes)

A forma de coletar esses dados varia, podem ser desde o Whatsapp compartilhando informações suas com o Facebook, que por sua vez transforma as palavras-chave de uma conversa em publicidade direcionada, ou até mesmo aplicativos de determinado gênero que tem acesso à uma gama de informações sobre seu telefone, e que acabam vendendo esses dados como estatística para outras empresas e instituições de pesquisa. Fato é que tudo na internet está coletando informações sobre você, não há almoço grátis inclusive aqui, e com certeza você está pagando por aquilo que usa.

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Toda essa compulsão por dados é alimentada por uma visão compartilhada por grandes companhias, estejam elas ligadas à internet ou não, e os próprios governos. Desde que empresas como a Amazon, o Google ou o Facebook descobriram que é possível fazer dinheiro com serviços que acabam não custando nenhum centavo para o usuário, a informação ganhou um valor que só cresce, e se ela é valiosa para tais companhias, por que não deveria ser para você?

Assim como fazemos quando vamos comprar algo com dinheiro, de fato, a melhor forma de aproveitar o valor das suas informações é se cadastrando no melhor serviço possível, isto é, aquele que lhe oferece mais vantagens pelo menor "custo". Um estudo realizado em conjunto pela Oracle e o MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, indicou que a verdadeira razão das startups estarem tão em voga atualmente é que muitas delas tratam a informação, ou o usuário em si, como um produto, vendendo-os para outras empresas e então diminuindo seus custos de operação.

O histórico do bigdata afirma que a receita para o sucesso é lucrar com cada informação possível (Foto: Reprodução/Raconteur)

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A gigante alemã das comunicações, Siemens, reforça essa afirmação capitalista dizendo que "precisamos entender que a informação está em toda a parte, além de ser gerada a cada segundo em que vivemos". Para a empresa, monetizar até a menor parte dessas informações é praticamente uma receita para o sucesso, afinal, os dados são como a água de uma fonte inexorável, saber administrar esse recurso quase infinito e extrair dinheiro dele é tudo o que um empreendedor precisa para ter sucesso.

Motivo de otimismo não só para os empreendedores, os dados também podem trazer benefícios para o usuário final, que neste caso está muito mais para a fase inicial do processo, não é mesmo? A partir do momento em que mais informações são coletadas e utilizadas para nos vender anúncios, além de oferecer e otimizar serviços, nós, usuários, temos muito a ganhar, desde que não utilizemos esses recursos como uma arma contra nós mesmos.

O bigdata, fenômeno que representa uma enorme coleta e gerência de dados, é o melhor exemplo disso: ao interligar informações sobre seus emails, por exemplo, o Google Now pode lhe avisar que determinado voo contratado por você vai se atrasar, bem como pode te notificar que determinada compra sua está a caminho de sua casa. Nunca paramos para pensar em como esse tipo recurso é recente, há cerca de cinco anos atrás sequer considerávamos que nossas informações seriam utilizadas para algo maior que anúncios.

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Na imagem é possível ver o Altoona, a central de dados do Facebook em Iowa, EUA. Todos os anos a companhia expande sua capacidade de armazenar informações (Foto: Reprodução/ADWeek)

É claro, toda essa infraestrutura criada por empresas como o Facebook e afins visa o lucro. Ninguém vai lhe oferecer um serviço que custa milhões para ser mantido e expandido, de graça, mas é interessantíssimo observar como o uso dos dados se estende a algo além dos anúncios. Embora o fato do Google Now cruzar essas informações seja com o objetivo de te fazer aderir aos serviços Google e então ser mais um produto da companhia, não há como negar que a sua informação está sendo usada também para o seu próprio benefício.

Por isso devemos evitar uma visão catastrófica do futuro onde todas essas companhias se tornarão gênios do mal em busca da dominação mundial. Não, a coisa vai muito além disso; se você está ciente que determinada informação da sua vida pessoal é coletada e vendida pelo Facebook — como os seus likes, por exemplo — por que se preocupar tanto em para quem essa informação é vendida se tudo isso não lhe oferece risco algum?

A menos que você seja um líder governamental, alguém de muitíssimo destaque na sociedade ou detentor informações confidenciais — bem intencionadas ou não — fica difícil argumentar o motivo pelo qual a coleta desses dados pode lhe oferecer riscos, ainda mais quando levamos em conta que todo o processo é automático e feito por computadores.

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Os esforços de empresas como o Google em compreender a linguagem natural representam um esforço da companhia em estar cada vez mais presente em nossas vidas (Foto: Reprodução/Android Central)

Embora tenha muito mais possívei benefícios que malefícios à nós, precisamos compreender que ceder nossas informações pessoais é algo que requer nosso controle. Se novamente imaginarmos os dados como dinheiro, veremos que precisamos estar cientes de tudo aquilo com o que gastamos, e mais, precisamos exigir, de quem nos oferece serviços, contratos mais claros e transparentes que os atuais termos de serviço praticados pela maioria das empresas.

A intenção desse artigo não é alienar você, usuário, para um uso desenfreado e inconsciente da sua informação pessoal, muito pelo contrário, o que tentamos afirmar aqui é que o bigdata e a coleta de dados permeiam todos os aspectos da nossa vida hoje em dia. Num futuro não tão distante, quem quiser se privar de ceder suas informações terá de se privar também de quase toda a vida tecnológica, ou pagar muito caro para não ter seus dados utilizados, como fazem os líderes de Estado e celebridades.

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Por isso é tão importante ter em mente que pagamos por tudo aquilo que usamos na internet, aceitar ser parte dessa enorme troca de dados e estar ciente de como eles serão usados é certamente o melhor caminho para uma internet economicamente rentável a quem oferece os serviços, e cada vez mais eficiente a quem os utiliza.

Ao aceitar os 'Termos de Serviço' você concorda com aquilo que é praticado, mas e se passarmos a discordar de práticas que nos prejudicam? (Foto: Reprodução/Mamf)

Por fim, concluímos que a troca e venda de informações não é algo a ser visto apenas com receio, mas com otimismo e cautela. Precisamos buscar nossos interesses como consumidores, mas também tirar bom proveito do que nossos dados, isto é, a nossa "moeda", pode nos oferecer.

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Assim como quando assinamos determinado serviço fora da web, precisamos estar sempre atentos a como uma determinada companhia usará o nosso dinheiro, mas acima de tudo, é necessário demonstrar nossos interesses como consumidores sem ter medo de tais companhias e sem privar a nós mesmos de desfrutar dessa maravilha que é a comunicação.

Não só compreender o problema que é o mal uso da informação pessoal, também é preciso entender que nós consumidores, somos parte da solução para tal. Dificilmente um só indivíduo vai interferir na forma de operar duma empresa, mas certamente é possível que em conjunto, possamos trabalhar para impor nossos interesses, incluindo os de privacidade.

Com informações do The Guardian